Um ensaio "para entender o que não podemos ver" na Nigéria

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Foi só em Maio de 2014 que a história varreu o globo. Através do Twitter, com a hashtag #BringBackOurGirls, a campanha atraiu mais de dois milhões de pessoas e os media fizeram o que mais cedo deveriam ter feito: deram cobertura ao que se passava em Chibok, uma vila remota no norte da Nigéria. Mas para a fotógrafa Glenna Gordon as personagens principais da história — as cerca de 300 meninas que foram sequestradas pelos islâmicos Boko Haram no dia 14 de Abril — estavam ainda demasiado esbatidas. "É claro, as meninas também faltam nas minhas fotos. Apesar dessa ausência, tenho me esforçado para mostrar as meninas o melhor que posso. Já que não podemos entender o que não podemos ver, eu queria fazer o meu melhor para tornar estas meninas visíveis", explica ao Lens Culture a fotógrafa, que mostra o lado invisível da história através dos uniformes escolares, dos cadernos de escola, dos desenhos e pequenos textos escritos por estas meninas. O grupo Boko Haram — cujo nome significa, em tradução livre, "educação ocidental é pecadora" — acredita que só os rapazes devem ir à escola e que mesmo estes só devem aprender o Alcorão. A campanha prolonga-se há anos na região, já por diversas vezes incendiada e com um povo vítima de recrutamentos forçados. O governo nigeriano, lamenta Glenna Gordon, falhou com o povo e com estas meninas. E é por isso que esta série fotográfica a que chamou Abducted Nigerian School Girls existe: "Este é apenas um pequeno pedaço de sua história."