E se o seu vizinho tivesse uma piscina com uma suástica no fundo?

Descoberta no Brasil uma piscina numa propriedade privada com uma suástica gigante. Autoridades dizem não poder fazer nada.

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Imagem revelada pela polícia DR

A polícia brasileira revelou uma fotografia de uma propriedade em Santa Catarina, no Brasil, cuja piscina tem uma suástica no fundo. A notícia não é de hoje mas tem ocupado os jornais brasileiros nos últimos três dias. Entre a estupefacção por alguém transformar a piscina de sua casa num hino ao nazismo e a impossibilidade de as autoridades poderem fazer alguma coisa, aumenta a discussão em torno do assunto no Brasil. É crime ou não é crime?

A descoberta foi feita por acaso: um helicóptero da Polícia Civil brasileira sobrevoava a zona de Rio dos Cedros e Pomerode, quando no alto de uma montanha na localidade de Pomerode Fundos viu a piscina. Tirou uma fotografia e divulgou-a e em pouco tempo chegou aos jornais e às redes sociais.

Na imprensa brasileira discute-se a identidade do proprietário e as suas intenções. Há umas pistas mas não será feita uma investigação maior, pelo menos por parte das autoridades. O delegado Luiz Gross comunicou aos jornalistas que ter uma suástica numa piscina privada não é crime e por isso não abrirá um inquérito para investigar o caso.

Gross alegou ainda que aquela suástica está ali há 13 anos e não está à vista de todos. Só consegue ver a suástica quem sobrevoar o local, como fez a polícia. O mesmo responsável defendeu que a prática de crime implicaria a propaganda e divulgação da suástica, o que não acontece neste caso.

No Brasil existe uma lei que penaliza o racismo desde 1989 mas só em 1997 é que esta foi alterada para que passasse a considerar também casos mais específicos como a descriminação pela religião ou naturalidade. Com esta alteração na lei, o uso de símbolos nazis passou também a ser criminalizado. Mas para isso “esses símbolos têm que ser divulgados, tem que exteriorizar, fazer uma campanha sistemática enaltecendo o nazismo”, esclareceu Gross.

“Neste caso, era uma residência particular, não colocou em redes sociais, não enalteceu o nazismo, chamando pessoas para o grupo, formando grupos, é só uma manifestação individual que ele colocou na piscina na propriedade particular dele, então não configura o crime”, acrescentou ainda, citado pelo R7 Notícias.

A notícia está a chocar alguns moradores da localidade, que nas redes sociais e nos jornais se têm manifestado contra a situação. Não é estranha a questão do nazismo na região de Santa Catarina – vivem nesta região desde finais do século XIX muitos alemães e austríacos. Em Pomerode, cerca de 90% dos 25 mil habitantes têm ascendência alemã e muitos ainda falam fluentemente a língua.

Depois da Segunda Guerra Mundial, sabe-se que vários nazis fugiram para o Brasil. Foi aqui, por exemplo, que Josef Mengele, o médico nazi que ficou conhecido como o Anjo da Morte por causa das suas experiências em seres humanos no campo de extermínio de Auschwitz, morreu em 1979.

Neste caso, a propriedade onde esta piscina foi encontrada pertence ao professor de História Wandercy Antonio Pugliese, que já no passado foi notícia praticamente pelo mesmo assunto. Foi em 1994 que a polícia apreendeu diversos materiais do professor, como revistas, livros, fotografias e objectos, entre os quais uma suástica e uma camisola com a imagem de Hitler estampada. No entanto, na altura não configurava crime. Mais tarde, Wandercy Antonio Pugliese tentou reaver os seus bens mas a justiça negou essa intenção.

Pugliese não negou então a sua admiração pela ideologia de Hitler, alegando, no entanto, que os objectos faziam parte da sua colecção pessoal destinada meramente ao estudo. O R7 Notícias escreve que o professor deu o nome de Adolf ao seu filho, tal a admiração pelo líder do III Reich.

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