Dada luz verde ao início da construção do próximo grande telescópio da Europa

Portugal também participa no projecto, que custará 1083 milhões de euros.

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Ilustração artística do telescópio E-ELT, que vai ser construído no Chile ESO/L.Calçada

O próximo grande telescópio da Europa já tinha sido aprovado em 2012, mas a sua construção em força só começaria quando 90% do financiamento estivesse garantido. Esse dinheiro está agora assegurado, por isso o órgão máximo de decisão do Observatório Europeu do Sul (ESO), uma organização de astronomia com 15 Estados-membros, incluindo Portugal, deu luz verde ao início da construção do E-ELT — o European Extremely Large Telescope, ou Telescópio Europeu Extremamente Grande.

Este telescópio vai ficar no cimo do Monte Armazones, no Chile, e custará 1083 milhões de euros (a preços de 2012). Reunido esta quarta-feira na Alemanha, o Conselho do ESO decidiu que será construído em duas fases. Para a primeira, foi agora autorizada a atribuição de 1000 milhões de euros, que cobrirão os custos de construção de um aparelho que ficará totalmente operacional, anunciou esta quinta-feira o ESO em comunicado.

No final de 2015, será atribuído o contrato para a construção da cúpula da estrutura principal do telescópio, tornando-se então o maior contrato nos 52 anos de história do ESO. Alojado no interior dessa cúpula, o espelho principal terá 39 metros de diâmetro. Nunca se construiu um telescópio assim, em terra ou no espaço, e a sua resolução não terá precedentes, o que permitirá a caracterização de exoplanetas com a massa da Terra. Receberá a primeira luz daqui a dez anos, observando tanto na luz visível (a que vêem os olhos humanos) como no infravermelho.

“O enorme trabalho de construção para o E-ELT está financiado e pode prosseguir conforme planeado”, disse Tim de Zeeuw, director-geral do ESO.

Enquanto 90% do financiamento do telescópio não estivesse assegurado, não eram aprovados contratos superiores a dois milhões de euros. Com uma excepção: as obras de construção civil destinadas a preparar o local para receber a cúpula, criando uma zona plana, que começaram com a explosão do topo do monte em Junho deste ano.

Mas a adesão, em Outubro, da Polónia ao ESO, contribuindo com uma quota de entrada e quotas anuais, como os outros países-membros, permitiu a existência de mais de 90% do dinheiro necessário para a primeira fase de construção do E-ELT.

Brasil ainda não apanhou o comboio
Para já, 10% do custo total do telescópio foi transferido para a segunda fase. Nessa altura, espera-se que haja fundos adicionais, incluindo verbas do Brasil. Na verdade, o ESO está há algum tempo à espera que o Brasil tome a decisão final de entrada na organização. Aliás, estava à espera desse passo para que a construção do E-ELT pudesse arrancar, mas ao mesmo tempo começou a discutir o plano B, caso o Brasil dissesse “não” ou demorasse a avançar, que passaria pela entrada de outros países no ESO. O que ocorreu com a Polónia.

Com a construção do E-ELT, as quotas anuais dos países aumentarão 2% ao ano, de forma cumulativa durante dez anos (a quota de Portugal, indexada ao produto interno bruto, foi de 1,8 milhões em 2012). E a contribuição adicional do país para o E-ELT está estimada num total de 5,1 milhões de euros nesses dez anos.

As componentes do telescópio ainda sem financiamento incluem partes do sistema de óptica adaptativa, que corrigirá as perturbações da atmosfera nas observações. Ou os cinco anéis mais internos de segmentos do espelho principal e um conjunto sobresselente de segmentos do espelho primário, necessários para uma operação mais eficiente no futuro. A sua construção, que o ESO diz não comprometer a operação do telescópio, irá sendo aprovada à medida que houver mais fundos.

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