Que se lixe o "Que se lixe"

A maioria de nós partilha da opinião de que, infelizmente, o 15 de Setembro de 2012 constituiu um elemento duma nova maneira de pensar a sociedade, embora, de imediato não se tenham tirado as devidas conclusões

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Enric Vives-Rubio

Escrevo como activista e cidadão, em resposta à crónica de João Labrincha "Que se lixe o podemos falar". Apesar de já ter havido uma curta réplica, penso que deveria responder com mais alguma informação ao nela contida.

Em primeiro lugar saúdo vivamente as seguintes palavras do articulista: “Precisamos de um Podemos em Portugal, que pode ter outro nome, mas precisará da mesma audácia, coragem e vontade de tirar do poder a casta corrupta representada por PS, PSD e PP. Precisamos e podemos.”

Nada mais reflecte tão bem o espírito que nos une e procuramos realizar no Juntos Podemos (JP). Tudo o mais se funde na desconfiança e na crítica a alguns dos seus promotores iniciais, promotores de iniciativas como o "Que Se Lixe a Troika". É necessário informar que, a maioria de nós partilha da opinião de que, infelizmente, o 15 de Setembro de 2012 constituiu um elemento duma nova maneira de pensar a sociedade, embora, de imediato não se tenham tirado as devidas conclusões. Fora isso, há os seguintes aspectos a informar:

1. "Ainda" não temos um "Comité Central", nem queremos vir a ter. É um ponto assente. Portanto, "controleiros", também não.

2. É verdade que têm existido pessoas (e sobretudo partidos) "que têm destruído o movimento de contestação", sendo paradigma disso o apagamento da Plataforma 15 de Outubro.

3. Estamos juntos na condenação desses procedimentos estando, pessoalmente e não só, muito atentos quanto a isso. Democracia efectiva e transparência são as nossas grandes armas. Quantos mais cidadãos, com a mesma preocupação, aderirem a este projecto, mais garantias teremos do seu sucesso democrático. Tem-se a percepção que o cronista João Labrincha, com o seu vigor e estes esclarecimentos, seria um elemento valioso para a nossa causa comum.

4. Não podendo abordar todos os aspectos focados, interessa esclarecer a seguinte afirmação do autor: "Na Assembleia Cidadã do Podemos espanhol cerca de 90% votaram que ninguém de outro partido podia lá ficar". Como não tenho amiga que me possa referir, fui directamente à fonte: Jesus Jurado, dirigente de Sevilha. Quanto a isso ele informou-me: "O que foi aprovado na AC foi que os militantes de outros partidos não poderiam apresentar-se às eleições internas aos cargos orgânicos do partido. Mas sim poderiam participar nos círculos e nas áreas de trabalho, e votar como o resto" (dos cidadãos). Tudo bem diferente e, quanto a mim, plenamente lógico. Sem saberem, eles tiraram uma lição da nossa Plataforma 15 de Outubro.

5. Não posso deixar de concluir que todos os movimentos genuinamente cidadãos que se venham a formar em Portugal acabarão por confluir, em virtude da sua alta permeabilidade osmótica. São movimentos transversais que atravessam necessariamente as membranas ideológicas de qualquer partido, seja de esquerda, seja de direita. O cidadão é quem mais ordena.

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