Cartas à Directora

Assim não, senhores docentes!

O Público de 15/XI/2014 dedica toda a página 53 a uma exposição de oito docentes da Universidade de Évora contra o Acordo Ortográfico de 1990 (AO). Com argumentos despropositados, confundindo ortografia com oralidade, os docentes apelam à desobediência ao AO. Tudo bem. Cada um que escreva como quiser, mas o importante é fazermo-nos entender quendo não estamos presentes. Nenhum acordo pretende unificar as ricas variantes de cada língua. Os alentejanos, os minhotos, os beirões, os micaelenses, os angolanos, os moçambicanos, os brasileiros e os de outras comunidades não vão unificar as suas expressões por haver regras ortográficas. Não vejo é como nos entenderíamos se cada um escrevesse sem condições. Assim sendo, que regras usar? As do AO de 1945 ou as de 1911? A ortografia de Fernão Lopes ou a do testamento de Afonso II?

O AO veio simplificar e é especialmente criticado sobretudo nessa função quando estabelece o óbvio – a eliminação das consoantes que não se pronunciam. A dupla grafia já existia antes deste AO e não entendo a crítica às alternativas sintáticas ou lexicais - como ônibus, machimbombo, autocarro - que são a maior riqueza da nossa língua e de que o AO nem sequer é responsável. Experimentem, senhores docentes, listar os vocábulos que os falantes de português usam para significar, por exemplo, a palavra dinheiro: - pilim, graveto, carcanhol, maravedis, vinténs, moné, guita, massa, cacau, etc., etc., etc..

Citam o exemplo de Graça Moura que “exerceu a liberdade” (sic) de proibir o AO no Centro Cultural de Belém. Igual medida tomou um juiz de uma comarca na Estremadura. É a tese dos opositores do AO. Querem ter a liberdade de não o aplicarem, mas não a dão aos que o aceitam pela sua simplificação.

As desgraças e as confusões que atribuem ao AO não se refletem no texto dos docentes. Detetei apenas cinco palavras não conformes ao AO. Convenhamos que assim não convencem ninguém das malfeitorias do AO.

M. Gaspar Martins, Porto

Uma prenda de Natal

Muita gente une esforços para que no Natal se socorram os sem-abrigo, as crianças tenham um brinquedo, que os mais velhos tenham uma ceia quentinha e que entidades oficiais distribuam muitos cabazes bem diversificados. Consciências tranquilas!

Infelizmente nestes tempos que estamos a passar não tem sido só no Natal que se socorrem de peditórios para ir mitigando as falhas da nossa sociedade.

E em muitos casos esta atitude de resolver a pobreza com peditórios adormece a atitude que todos devemos ter. É preciso dinamizar o mercado de trabalho. É preciso produzir. É preciso que os portugueses tenham, aqui, emprego onde possa m aplicar o seu saber, receber um salário que lhes dê liberdade de comprar o que precisam, onde entenderem e aqui se fixem.

Uma prenda de Natal para todos nós será acabar com as opções governamentais de despedir funcionários, não aumentar os horários, promover e facilitar a vida das empresas que querem abrir as portas a novos investimentos. Gostava de ter estas noticias no meu sapatinho…

Maria Clotilde Moreira, Algés

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