Agressões na cadeia onde está Sócrates obrigam a transporte de recluso para o hospital

Inspector da PJ estava ao telefone e sentiu-se incomodado por discussão entre um ex-agente da PSP e um guarda prisional. Ordenou ao colega recluso que se calasse e a discussão acabou em violência.

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Pedro Nunes

Um episódio de agressões entre dois reclusos na cadeia de Évora, onde actualmente se encontra em prisão preventiva o ex-primeiro-ministro José Sócrates, obrigou na tarde desta segunda-feira ao transporte de um dos envolvidos ao hospital local. A situação, que ocorreu pelas 12h, foi confirmada ao PÚBLICO por fonte dos serviços prisionais e pelo Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora.

O confronto ocorreu entre o ex-agente da PSP José Gomes que cumpre pena de prisão e o inspector da PJ de Setúbal João Sousa que está em prisão preventiva. O inspector estaria a usar a única cabine de telefone disponível para os reclusos ao mesmo tempo que o antigo polícia da PSP discutia com o guarda prisional chefe da ala do primeiro piso devido às más condições da cela em que se encontra.

O inspector não terá gostado do ruído, que incomodaria a chamada telefónica, e disse a José Gomes para que se calasse. O ex-agente da PSP terá tentado explicar que estava a queixar-se legitimamente ao guarda prisional mas retorquiu num tom agressivo. Nesta altura, José Sócrates - indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção - estaria no refeitória da cadeia, não tendo presenciado sequer a situação, informou fonte prisional. 

Segundo fonte dos serviços prisionais, terá sido depois o inspector a agredir a murro o antigo polícia que foi entretanto transportado para o Hospital do Espírito Santo, em Évora. Tinha apenas ferimentos ligeiros, de acordo com o CDOS. Terá aproveitado a ida ao hospital para apresentar queixa por agressão junto do polícia de serviço na unidade de saúde.

A cadeia de Évora destina-se a acolher polícias presos preventivamente ou condenados a prisão efectiva. A medida pretende contornar questões de segurança que se colocariam se estes fossem misturados com outros reclusos a cumprir pena noutras prisões.

O inspector da PJ está em prisão preventiva depois de ter sido detido em Março, em Setúbal, por alegado envolvimento na chamada “rede do ouro”. É suspeito de informar os cabecilhas do grupo indiciados por corrupção, fraude fiscal, receptação e branqueamento de capitais.

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