Uma tipografia pode ser um lugar encantado

Para o fotógrafo Rui Gaiola, o importante é fazer o que se gosta. Aplica esta mensagem, que vê como uma máxima, na fotografia que faz todos os dias — tal como Hélder Prudêncio, dono de uma tipografia em Lisboa, faz. "Numa era em que tudo se consegue através de um clique, da manhã para a tarde de preferência, ainda há lugares como este, intemporal, onde não existem computadores nem e-mails, onde a paixão pelo que se faz e pela arte simplesmente se sobrepõe à crise e à tecnologia", escreve o fotógrafo. Em Algés, onde o senhor Prudêncio tem a tipografia, "as coisas são feitas com amor, ao pormenor e à letra", e é "contagiante ver o brilho nos olhos" de quem lá trabalha. Rui Gaiola, que tem o projecto Golden Days Photography, filmou o espaço que mantém traços antigos, "prateleiras de madeira carregadas de chumbo, máquinas centenárias a brilhar e caracteres que nunca mais acabam". Chama-lhe um "lugar encantador de onde saem obras de arte que poucos reconhecem e ainda menos valorizam".