Costa pede maioria absoluta e recusa coligações à direita

No encerramento do XX Congresso, o líder do PS fez um discurso virado para as pessoas e deu respostas claras a alguns equívocos. Como a recusa do bloco central, que classificou como "empastelamento".

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Fotos Daniel Rocha
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Com a direita nunca, com a esquerda logo se vê. António Costa foi muito claro no seu discurso de encerramento do congresso da sua consagração como líder do PS. Pediu uma maioria absoluta, mas prometeu acordos e diálogo, ao mesmo tempo que recusou a ideia de bloco central.

Para acabar com qualquer equívoco, afirmou que o PS se apresenta aos portugueses nas próximas eleições legislativas como alternativa ao actual Governo e às suas políticas e que governará de acordo com isso. "Não é possível ser alternativa às actuais políticas com querer prosseguir as actuais políticas", afirmou.

Recusando qualquer ideia de bloco central, afirmou que "o pior que pode acontecer em democracia é quando se gera um enorme empastelamento", quando os partidos são vistos como "farinha do mesmo saco", porque, frisou, "é isso que alimenta os extremismos que ameaçam a democracia".

A ruptura com a direita foi mesmo assumida por António Costa como um "fosso ideológico, cultural e civilizacional". "Todos os dias há um exemplo do que nos distingue da direita", afirmou.

"Uma direita que entende que o valor de um filho pode variar em função da natureza da família", em caso de pais que vivem juntos ou pais separados ou viúvos, exemplificou. "O que está em causa é o apoio às crianças, não a ideia que o Governo tem de família", proclamou, levantando o congresso num enorme aplauso.

Costa deixou para o fim do seu discurso essa distinção ante a direita. Antes, explicara porque pedia uma maioria absoluta "clara".

"Não podemos viver numa situação de instabilidade ou paralisada por divergências na coligação." E também porque negociar uma demora o seu tempo: "O país não pode estar 40 e tal, 80 e tal dias à espera de uma governação, num momento em que o Presidente da República tem poderes limitados."

Mais: "Os portugueses não devem renunciar a serem eles próprios a decidir quem deve governar e como deve governar, e não deixar aos jogos partidários a arbitrariedade para formar um novo Governo."

Livre com as portas abertas
A postura em relação à esquerda foi, no entanto, diferente. Valorizou o Livre por simbolizar a "procura de romper o bloqueio da incomunicabilidade à esquerda". Para o PCP e BE deixou o aviso de não lhes facilitar a vida: "Não contarão com a ajuda do PS para ficarem na posição cómoda do protesto e não virem trabalhar para a solução."

Ainda assim, reconheceu que na presente situação do país já ninguém podia governar sozinho. Por isso se comprometeu a  fazer acordos – de concertação social – e "compromissos políticos sólidos e duradouros".

O novo secretário-geral abordou também a questão das presidenciais. Sem se referir a nomes, tentou tranquilizar os eleitores ao deixar a mensagem de que os portugueses não tinham razões de queixa dos presidentes eleitos com o apoio do PS.

"As escolhas do PS têm sido sempre escolhas avisadas", disse, antes de definir o perfil necessário para vir a ser patrocinado pelo principal partido da oposição. Além de saber representar o país no mundo, terá de "respeitar e defender a Constituição" e trabalhar para a "unidade do país".

34 nomes em silêncio
Mas o discurso de encerramento serviu também para Costa se apresentar estabelecendo o contraste com as políticas levadas a cabo pelo actual Governo.

Recusou a bengala dos números para se demorar em inúmeras "histórias de vida". O momento marcante do último dia aconteceu quando António Costa, inesperada e simbolicamente, ordenou aos delegados e dirigentes que ouvissem "de pé e em silêncio" os 34 nomes das mulheres assassinadas em casos de violência doméstica. E chamou Maria do Céu Guerra para ler os nomes das vítimas. "É por isto que a política é necessária, porque a política são as pessoas", disse Costa.


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