Jonathan Meese já não vai encenar Parsifal em Bayreuth

Festival wagneriano desistiu de Meese, alegando não ter orçamento para a sua proposta, mas a decisão pode ter sido motivada pela reputação de provocador do artista alemão

Foto
Jonathan Meese DR

O artista alemão Jonathan Meese já não vai conceber a nova encenação de Parsifal a ser apresentada no festival de Bayreuth de 2016, cuja direcção musical caberá ao maestro lituano Andris Nelsons.

A organização do festival alega que os cenários e figurinos previstos por Meese ultrapassavam largamente o orçamento previsto, mas não falta quem sugira que a reputação de provocador que acompanha o artista plástico, videasta, performer, escritor e encenador alemão possa ter acabado por assustar a direcção do festival, que Katharina Wagner, bisneta do compositor, partilha com a sua meia-irmã Eva Wagner-Pasquier.

Obcecado com a mitologia alemã e conhecido pelas sua defesa de uma “ditadura da arte”, um mundo em que o poder político coubesse aos artistas, Jonathan Meese foi acusado em 2013 de fazer propaganda nazi em palco, tendo acabado por ser ilibado em tribunal. Em causa estava uma performance na qual aparecia em palco a fazer repetidamente a saudação nazi.

O crítico de música Tom Service, que mantém um blogue no jornal britânico The Guardian, sugere que os receios de Bayreuth podem ter sido agravados pelo facto de Parsifal “ser visto por muitos como a mais perturbante meditação de Wagner em torno de tópicos como o sangue, a raça e o sexo”, e uma obra “susceptível de interpretações que a relacionem com a ideologia nazi”.

Service comenta que a grande questão é agora a de saber se Katharina Wagner vai jogar pelo seguro ou se “encontrará outro encenador com uma imaginação incendiária idêntica à de Meese”. Seja qual for a opção, “nunca saberemos o que poderia ter sido a encenação de Meese”, comenta o crítico, concluindo: “É uma pena, porque , para lá de tudo o resto, não seria certamente medíocre ou convencional”.

 

 

Sugerir correcção
Comentar