São Paulo
As cidades feitas de bisturis de Damien Hirst
A perspectiva assemelha-se àquela que temos quando vemos imagens de cidades via satélite: os padrões geométricos tornam-se evidentes, conseguimos distinguir rios e pontes, grandes avenidas e até edifícios emblemáticos. Um olhar mais próximo, contudo, revela que estas pontes, edifícios e ruas são feitas de instrumentos cirúrgicos, sobretudo bisturis. A ideia é do artista britânico Damien Hirst, que criou a série “Black Scalpel Cityscapes”: são bisturis, lâminas e alfinetes, entre outros, contra um fundo negro, “retratos de cidades vivas”. Damien Hirst quis abordar questões inquietantes das sociedades modernas: “vigilância, urbanização, globalização e a natureza virtual do conflito”, pode ler-se no site do artista. Cidades com conflitos recentes, que fazem parte da vida de Hirst ou que são centros económicos, políticos ou religiosos, integram a exposição. Os bisturis são uma referência a operações militares de “bombardeamentos cirúrgicos” ou “ataques cirúrgicos”, termos ordinariamente utilizados nas guerras modernas e que visam definir ofensivas limitadas, que procuram evitar danos colaterais. “A história particular de cada cidade está escrita na sua distribuição geográfica, mostrando como ela cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos”, continua. “Black Scalpel Cityscapes” está patente na galeria White Cube, na cidade brasileira de São Paulo, até 31 de Janeiro de 2015.