Banco de Portugal recusou registos de Ricardo Salgado

Estratégia de “persuasão moral” passou por negar a revalidação das autorizações obrigatórias que o regulador confere aos banqueiros.

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Enric Vive-Rubio

Só ao fim de 12 horas é que os deputados conseguiram perceber a complexa estratégia do Banco de Portugal para afastar a família Espírito Santo do controlo do BES. Pedro Duarte Neves, vice-governador que detinha o pelouro da supervisão, explicou aos deputados que essa estratégia passava por uma “persuasão moral”, ou seja, uma tentativa de afastar Salgado e os restantes administradores sem recorrer à figura do processo relativo à “idoneidade”.

Por isso, revelou Duarte Neves, o Banco de Portugal recusou renovar o registo de actividade a Ricardo Salgado num conjunto de empresas do grupo cuja revalidação era necessária: BESI, BEST, ESAF e Espírito Santo Tech Ventures. “O registo não foi concedido, foi sendo sucessivamente adiado”, revelou o vice-governador.

E isso acabou com uma carta, de Salgado, com data de 16 de Abril último, anunciando que “renunciava aos pedidos de registo”. Ou seja, que se afastava.

Os deputados nem queriam acreditar no que estavam a ouvir. No início, ninguém percebeu sequer a que se refira os “registos” que Duarte Neves mencionava. Pela insistência da deputada que o questionava, Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, o assunto foi sendo aprofundado.

No final, até o presidente da comissão teve de intervir, pedindo ao vice-governador um “esforço” para ser claro na sua explicação, uma vez que ia recebendo mensagens de pessoas que viam a audição pela AR TV e nada estavam a entender. 

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