Bem-vindo aos novos 20

Vês cada vez mais por um canudo (não aquele que tens emoldurado em casa) a possibilidade de algum dia vires a ser tu a guarida de um jovem velho sem trabalho

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Kitato/Instagram

Nasces, mal dás os primeiros passos rompes as carteiras da escola, tatuas amizades mais ou menos imortais e, de repente, tens um canudo entre mãos.

Ainda antes, num golpe misto de sorte e talento, o teu "dream job" encontra-te. A "brincadeira multifacetada" e polivalente entre Porto e Lisboa dura 13 anos. Azar dos azares, o "the end" vem logo a seguir e pouco depois dos 30 estás longe de oraculizar o "to be continued".

A saga ainda agora começou. Em plena idade de Cristo, provas o amargo sabor da incerteza, fruto de um peso que o acaso (ainda) não conseguiu resolver. Três dias não dariam para ressuscitar uma vida profissional outrora preenchida, repleta de concretizações, distinções e outras tantas acções.

A tua travessia do deserto ultrapassa em larga escala o calor agreste dos 40 dias. A bem da verdade, já lá vão mais de 90... O milagre aqui é o da subtração. Perdes ânimo, auto-mérito e, claro, dinheiro. Na equação entram agora as palavras ausência de emprego onde a soma das partes não é (de todo) igual ao número real dos casos.

Aos 30 e poucos anos rejuvenesces, mas em mau. Voltas a ter 20, num cenário onde fazer "check in" no hotel mamã é vergonhoso. Aliás, vês cada vez mais por um canudo (não aquele que tens emoldurado em casa) a possibilidade de algum dia vires a ser tu a guarida de um jovem velho sem trabalho.

Remoto é o adjectivo que rabisca e atrasa um possível futuro desejo de maternidade.

(Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência)

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