Sociedade Portuguesa de Pneumologia desaconselha cigarro electrónico

Segundo os especialistas, o cigarro electrónico “é um retrocesso” na luta contra o tabagismo.

Foto
SPP teme que mais jovens comecem a usar cigarros electrónicos por acharem que são menos nocivos AFP PHOTO / PAUL J. RICHARDS

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia defende que o cigarro electrónico é “um retrocesso” na luta contra o tabagismo, pelo que recomenda que não seja utilizado enquanto os efeitos e a eficácia não forem provados. “O cigarro electrónico não deve ser utilizado enquanto não se conhecerem os efeitos que têm na saúde, e não devem ser utilizados na cessação tabágica enquanto não houver ensaios clínicos fiáveis que provem a sua eficácia”, afirmou a Coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo, Ana Figueiredo, citada em comunicado da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, na Europa, o tabaco é responsável directo por cerca de 85% das mortes por cancro do pulmão, 70% das mortes por DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica) e 15% das mortes por doenças cardiovasculares, pelo que “esta é uma luta que passa também por manter uma posição desfavorável em relação ao uso de cigarro electrónico”.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia reuniram-se este sábado numa sessão institucional para debater aquela que figura como uma das principais causas da doença respiratória e cardiovascular.

Os dados do Relatório “Prevenção e Controlo do Tabagismo em números – 2013”, do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, revela que mais de 90% dos fumadores portugueses iniciaram o consumo antes dos 25 anos e que existe uma tendência para o aumento do consumo de tabaco entre os jovens escolarizados.

Um cenário que a SPP considera a ter em conta: “Alguns jovens não fumadores podem começar a usar e-cigarros por acreditarem ser menos nocivo do que fumar cigarros. Esta é uma questão que não podemos negligenciar. Não se trata apenas de olharmos para o cigarro electrónico como um incentivo ao consumo e dependência da nicotina mas também como um retrocesso na longa batalha que ao longo dos anos temos vindo a travar contra o tabagismo”, acrescentou Ana Figueiredo.

Segundo o presidente da SPP, Carlos Robalo Cordeiro, “é urgente” que a questão do cigarro electrónico seja regulamentada”. Isto “para que dentro de 20 anos não tenhamos uma nova geração de fumadores, conquistados através dos cerca de 7000 sabores existentes no mercado e das atractivas campanhas publicitárias como as que em tempos conferiram glamour ao cigarro”.

“Congresso não fumador, incluindo equipamentos electrónicos” foi a mensagem que o XXX Congresso de Pneumologia procurou transmitir, à semelhança do que ocorreu no Congresso da European Society Respiratory (ERS), realizado, em Setembro, em Munique.

Asma brônquica, DPOC, cancro do pulmão, pneumonias, cuidados respiratórios domiciliários e reabilitação respiratória foram temas debatidos no XXX Congresso de Pneumologia que reuniu mais de 700 profissionais de saúde nacionais e internacionais.

 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários