Queres estagiar ou fazer voluntariado? "Para Onde?"

“Para Onde?” é um site português e dá a conhecer estágios e programas de “Work Exchange” e voluntariado grátis ou “low cost” de todo o mundo

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Department of Foreign Affairs and Trade

“Pouco dinheiro, muita vida” é o lema de Inês Ferrão. A jovem lisboeta criou o “Para Onde?”, um site português que dá a conhecer estágios, programas de voluntariado e de “Work Exchange” (trabalhar em troca de casa e comida) de todo o mundo e que sejam gratuitos ou “low cost”.

Só tens de decidir “Para Onde” queres ir. As opções são várias e, até ao momento, abrangem 36 países dos cinco continentes. O objectivo de Inês é incentivar todas as pessoas a viajar e a ajudar. “Quero dar a conhecer [estes programas] tanto a pessoas que já conheciam os conceitos mas não sabiam onde encontrar, como a pessoas que nunca pensaram em tal coisa e desconheciam totalmente a ideia e fazê-las pensar nessa hipótese para a vida delas”, contou ao P3.

Inês salienta que “todas as organizações” promovidas no site “são de confiança”. Previamente, a jovem contacta as organizações para saber mais informações sobre os programas, não se cingindo apenas ao que encontra nos sites. “Falei com os directores, perguntei experiências anteriores de ex-voluntários, li blogues de pessoas que tenham feito voluntariado nessas organizações”, refere.

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Inês Ferrão numa favela do Rio de Janeiro DR

A jovem realça que não tem qualquer vínculo com estas organizações. Mas então o que faz Inês optar por promover umas em detrimento de outras? A resposta é o custo: os programas têm de ser grátis ou “low cost”. “Esse era o meu primeiro objectivo. É fácil encontrar programas de voluntariado, mas os que se encontram são todos caros. Eu promovo organizações locais que não têm tanto apoio financeiro e não se encontram facilmente na internet. Coloco de lado as que cobram preços absurdos e fazem lucro com os voluntários e apenas promovo organizações que oferecem casa e comida e, portanto, o programa é totalmente gratuito e os voluntários só tem de pagar o voo ou organizações em que [o custo] de casa e comida seja bastante baixo por mês - mais baixo do que alugar casa em Lisboa”, explica.

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Inês em Zanzibar, onde fez Work-Exchange DR

Os programas abrangem diversas áreas, desde educação, saúde, protecção animal, construção de casas até artes e desporto. Semanalmente é feita a actualização do site com novos projectos. Todos os programas são para realizar fora de Portugal: “Queria criar um site que não existisse e que promovesse o voluntariado internacional, que traz a oportunidade de uma pessoa conhecer uma cultura, pois há muito tempo também para fazer turismo. É uma mistura fantástica entre turismo e desenvolvimento comunitário”.

Tal como as organizações nada pagam para serem promovidas no site, também as pessoas nada têm a pagar para aceder à informação. No caso de as pessoas não terem tempo para tratar das questões burocráticas, como por exemplo, a marcação do voo, fazer o passaporte ou até mesmo escolher a organização, Inês trata de tudo por 50 euros. “Tudo o resto é gratuito” e em caso de dúvidas, Inês responde e ajuda gratuitamente.

Como surgiu a ideia?

O que Inês faz no site – dar a conhecer programas e ajudar na sua concretização – já não é novidade para ela: “Eu sempre gostei de fazer isto. A questão é estar agora a formalizar esta situação, porque já fiz isto com vários amigos meus”.

Aliás, os três tipos de programas promovidos pelo site já foram experimentados diversas vezes pela própria. Filha de dois geógrafos, Inês começou a viajar desde muito nova. Todos os anos ia para lugares diferentes. “Desde pequenina que me apaixonei por um estilo de viagem muito próximo da comunidade, [que dá para] ver como as pessoas vivem no país e não só a parte turística. Apercebi-me das desigualdades sociais muito fortes que existem em todo o mundo”, recorda.

Formada em Serviço Social, a jovem de 25 anos conta que escolheu fazer o estágio curricular num centro comunitário de uma favela do Rio de Janeiro. Inês tinha estado no Brasil, aos 12 anos, com os pais e não esqueceu as desigualdades sociais que encontrou. “Eu quis explorar não só o país, como ajudar um bocadinho”, revela. Aí percebeu que o seu futuro teria de passar por trabalhar em turismo comunitário: “O meu objectivo de vida é ligar esses dois conceitos de desenvolvimento comunitário e viagens, turismo”.

Desde aí, a vida de Inês tem estado sempre ligada a este tipo de programas. Já coordenou voluntários de todo o mundo e já trabalhou num hotel em Zanzibar (Tanzânia) e numa pousada no Rio de Janeiro, “em troca de cama e comida”.

À medida que ia participando em todos estes programas, Inês habituou-se a ouvir a mesma frase: “Só tu é que encontras essas coisas”. Há dois meses, estava a regressar de Itália e pensou: “Se me perguntam constantemente como consigo encontrar estas coisas, por que não crio um site e dou a conhecer dezenas de oportunidades que há no mundo inteiro?” Estava lançado o rastilho. Este mês a ideia concretizou-se e já está a superar as expectativas: “Tenho recebido dezenas de “mails” de pessoas a dizer que [o site] foi uma inspiração, que nunca pensaram fazer nada disto, mas que agora ficaram cheias de vontade e entusiasmo para irem ajudar”.

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