E se lhe disséssemos que Pretty Woman era para ter sido um filme totalmente diferente?

A história por trás do filme romântico que de romântico tinha muito pouco.

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Richard Gere e Julia Roberts protagonizaram a icónica comédia romântica dos anos 1990 DR

Era para ter sido tudo o que não foi: “obscuro, horrível e deprimente”. E quem o diz é Julia Roberts, a protagonista de Pretty Woman – Um Sonho de Mulher, cuja fama atingiu dimensões globais depois deste filme que se estreou há quase 25 anos. A começar no título, passando pelo carácter das personagens, até ao fim da história, Pretty Woman estava longe de ser um conto de fadas.

Não é novidade que os filmes quando chegam às salas passaram já por um grande processo de transformação em que o guião original é frequentes vezes alterado. Mas face àquilo em que se tornou, uma versão original de Pretty Woman é um tanto ao quanto difícil de conceber. Afinal, ainda temos na memória Vivian, a prostituta cheia de vida que acaba por se apaixonar por um cliente, interpretado por Richard Gere; é a história de uma Cinderela dos tempos modernos, a história de um encontro improvável que acaba em romance.

O título original dá logo a entender que se tratava de um filme diferente: 3,000 em vez de Pretty Woman – Um Sonho de Mulher. Três mil era a referência à quantia que o executivo pagava pelos serviços de uma mulher durante uma semana. E quanto a esse cavalheiro que ensina a prostituta a respeitar-se a si mesma e a converte numa princesa: foi pensado, na verdade, para ser um homem terrível e mal-humorado. A prostituta teria problemas com drogas e seria mal-educada.

“Era uma história terrível sobre duas pessoas horríveis e a minha personagem era uma viciada em drogas, mal-humorada, a falar muito calão, uma prostituta mal-educada com uma experiência de uma semana com um homem mal-educado, mal-humorado mas também muito rico e bonito”, contou Julia Roberts num especial do canal norte-americano TCM, a propósito dos 25 anos que completa em 2015 o filme de Garry Marshall que tem argumento de J.F. Lawton.

Nas primeiras cenas, veríamos Vivian a vender o corpo na rua e a comprar drogas. Quando Edward (o cliente) a contrata por uma semana, o preço acordado é de dois mil dólares, valor que sobe para três mil depois deste a proibir de consumir droga. No final, o casal não ficava junto. Foi um serviço e apenas isso aquilo que aconteceu entre os dois, embora a prostituta já tivesse desenvolvido sentimentos pelo executivo.

O que estava escrito originalmente era que os dois abandonavam o hotel e saíam de limusina para Edward deixar a mulher nas ruas de Hollywood antes de embarcar no avião que o levaria de volta a Nova Iorque para junto da noiva. A história azedava, aliás: Edward, longe de ser um príncipe encantado, tirava a Vivian o dinheiro que lhe pagara, expulsando-a da limusina à força.

Este não foi o filme que vimos. Quando a Touchstone Pictures, propriedade da Disney, adquiriu o projecto não gostou do que leu. J.F. Lawton manteve-se no entanto fiel às suas ideias e mesmo depois de ter acedido fazer alterações recusou-se a dar um final feliz, como pedia a Touchstone. O que lhe valeu um final infeliz: acabou despedido à quarta versão.

Foi chamado então Stephen Metcalfe, que também não convenceu, e por fim, à sexta tentativa, Barbara Benedek tornou o guião naquilo que conhecemos hoje. Uma espécie de “felizes para sempre” que perdura na memória.

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