Os Pássaros Eternos de Maria vão cantar no Misty

Maria de Medeiros apresenta esta terça-feira, na abertura do Misty Fest, o seu mais recente disco, Pássaros Eternos

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Maria de Medeiros DR

Afinal, não esperámos uma eternidade para ver Pássaros Eternos em palco. Sete meses após o seu lançamento em Portugal, o terceiro disco de Maria de Medeiros (que desde há uns anos também se apresenta como cantora, a par de actriz) chega agora aos palcos portugueses com o Misty Fest, numa digressão por Lisboa (Centro Cultural de Belém, dia 4, às 21h), Porto (Casa da Música, dia 5, 21h), Aveiro (Teatro Aveirense, dia 6, às 21h30) e Caldas da Rainha (Centro Cultural de Congressos, domingo dia 9, às 17h).

Sucessor de A Little More Blue (2007) e Penínsulas & Continentes (2010), Pássaros Eternos foi primeiro lançado no Brasil, em 2013. Houve razões para isso. Não só no disco de estreia Maria de Medeiros havia registado várias canções brasileiras — de Chico, Caetano Gil, Ivan Lins ou Dolores Duran — como nos discos seguintes manteve essa conexão brasileira: em Penínsulas & Continentes gravou Lenine e para Pássaros Eternos escreveu Trapichana, onde imaginou um andaluz a viver no Rio de Janeiro, dividido entre o flamenco e o samba, como ela explicou em Março ao PÚBLICO:

"Conheço vários assim, espanhóis que vão para o Brasil e ficam completamente apaixonados pelas coisas dos trópicos. Foi pretexto para abordar dois tipos de música muito diferentes e difíceis até de casar, o flamenco e o samba, mas que têm coisas em comum: fazem-se em roda, têm uma energia extraordinária e são muito elaborados e muito populares ao mesmo tempo. A letra foi escrita em portunhol, entre as duas línguas, que é um pouco a minha realidade."

Mas a ponte com o Brasil não se ficou por aqui. Maria criou ainda para este disco The Cougar Song, em inglês, que pretende ser uma resposta no feminino à Garota de Ipanema, mas com uma mulher mais velha a cortejar um jovem: "A minha ideia era fazer uma balada suingada que tivesse a sensualidade de quem olha para a beleza masculina e lhe faz uma pequena ode".

O disco, porém, vai muito para além destas ligações. Desta vez, Maria escreveu a letra e a música de metade das canções do disco (cinco, num total de dez), musicou Sophia de Mello Breyner (Por delicadeza), fez um texto para uma melodia do célebre guitarrista cigano Raimundo Amador (Nasce o dia na cidade), assinou uma parceria com Paulo Furtado/ The Legendary Tiger Man (Shadow girl) e recriou temas de Adriano Celentano (24 mila baci) e de Elis Regina (Aos nossos filhos, da dupla Ivan Lins-Vítor Martins).

É tudo isto que Portugal agora ouvirá, ao vivo, de uma actriz que tem sabido crescer como cantora em palcos de onde o cinema e o teatro não estão nunca arredados.

Pássaros Eternos

, de Maria de Medeiros, abre oficialmente o Misty Fest, que até 14 de Novembro apresentará cerca de três dezenas de espectáculos em várias localidades do país, com um cartaz de que fazem parte (além dela) Buika, Celina da Piedade, Couple Coffe, Gisela João, Jorge Palma, Kronos Quartet, Lura, Olavo Bilac, Patrícia Bastos, Patxi Andión, Pierre Aderne, Sona Jobarteh, Rodrigo Leão e Rui Massena.

Maria de Medeiros é também este ano uma das homenageadas (junto com John Malkovich) no Lisbon & Estoril Film Festival 2014, que decorrerá em várias salas, no Estoril e em Lisboa, de 7 a 16 de Novembro.

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