Freitas, Peneda, Bagão e Louçã assinam apelo “para resgatar a PT”

“Está em causa o interesse nacional”, afirmam os 14 signatários do abaixo assinado que pedem "uma actuação" do Governo, do Presidente da República e do Parlamento. O problema da telefónica “já não é apenas empresarial”, afirmam.

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É a primeira vez que a PT adopta esta política Miriam Lago

O apelo é dirigido “às autoridades políticas e públicas”, o que acaba por incluir não só o Governo, mas também o Parlamento e a Presidência da República. A todos, este apelo exige “uma actuação” sobre a iminente venda da PT, desfeito que está o grande projecto, negociado entre as autoridades portuguesas e brasileiras de um “gigante lusófono das telecomunicações”.

O texto começa por explicar que o problema da PT não é recente: “As razões do descalabro e desmembramento da PT, no contexto da sociedade e da economia portuguesa, advêm, ao longo deste século, de graves erros, distorções, falta de visão estratégica nacional e diluição ética de diferentes níveis de decisão.” Mas os seus autores querem olhar para “o próximo futuro”. E é nesse contexto que surge este “apelo para resgatar a PT”.

Vários dos seus signatários já se tinham pronunciado por soluções que mantenham a PT - que já foi a maior empresa portuguesa - na esfera nacional. Diogo Freitas do Amaral, numa entrevista à RTP, pronunciou-se contra a venda iminente da empresa: “Deixar que aquilo seja vendido ao desbarato a um grupo estrangeiro que nem sequer é especialista em telecomunicações, acho que é muito grave para o nosso país.”

Nessa entrevista, o antigo líder do CDS sugeriu a compra, pelo Estado, de uma posição accionista na PT que lhe permitisse ter “o controlo, (…) o direito de veto sobre alterações estatutárias” e com isso “mudar completamente o rumo da empresa”. Na perspectiva de Freitas, bastava, para isso, que o Estado adquirisse 33,4% da PT, e salientou que isso, “como as ações estão muito baratas, não será muito caro”.

Bagão Félix é outro dos signatários deste apelo, ao lado de Freitas do Amaral e de outras 12 personalidades. Não é um defensor da ideia de uma “renacionalização”, mas avança ao PÚBLICO que “todas as soluções devem ser discutidas”. “Deixar isto à pura lei do mercado é frustrante”, critica, adiantando que as “autoridades públicas não têm armas materiais, mas têm armas políticas” para encontrar uma solução. Uma solução que impeça a PT de ser desfeita num negócio puramente financeiro, diz. “Tenho consciência de que não haverá nada a fazer se nada se fizer”.

O grupo de signatários inclui também outro ex-ministro do CDS, Ricardo Bayão Horta. E ainda um ex-membro do Governo de Cavaco Silva, José Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social. A lista prossegue com outro histórico social-democrata, José Pacheco Pereira, e inclui ainda o economista João Ferreira do Amaral, o ex-ministro João Cravinho, e o académico e comentador Pedro Adão e Silva, da área socialista, Manuel Carvalho da Silva, ex-líder da CGTP, Francisco Louçã e Mariana Mortágua, do BE, e os professores universitários Eduardo Paz Ferreira, Isabel Allegro de Magalhães e Ricardo Cabral.

“Não importa agora justificar a inacção com a inexistência jurídica de uma golden share. O assunto já não é apenas empresarial, mas assume contornos políticos nacionais que implicam uma atitude que respeite o primado do interesse e da responsabilidade públicas”, sublinha o texto. 

“Os órgãos de soberania devem interpretar fielmente a prossecução do bem comum”, conclui o apelo. 

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