Os Grateful Dead vão ter um filme e Scorsese está “orgulhoso”

Documentário sobre o mais duradouro ícone da contracultura dos anos 60 sairá em 2015.

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Heróis do rock psicadélico nos anos 60, os Grateful Dead transformaram-se numa verdadeira instituição americana

Quando o guitarrista e vocalista Jerry Garcia morreu em 1995, vimos numa das reportagens assinalando o desaparecimento do fundador dos Grateful Dead um veterano de camisola muito colorida, muito psicadélica, barba já grisalha e fita na cabeça, exclamar: “Agora sim, acabaram os anos 1960." Fazia sentido o lamento. Os Grateful Dead, banda em digressão interminável, foram um fenómeno cultural que, durante 30 anos, prolongou o espírito libertário e contracultural dos sixties em cada um dos concertos, em cada uma das improvisações de meia hora oferecidas aos fiéis Deadheads, os fãs que escolheram como opção de vida acompanhar a banda por onde quer que ela andasse.

A história dos Grateful Dead, amados e odiados, elogiados e desvalorizados em igual medida, tem todos os ingredientes para dar um bom filme. E dará mesmo – se será bom ou não, isso só saberemos em 2015, ano em que passarão cinco décadas desde o nascimento da banda e em que estreará um documentário, realizado por Amir Bar-Lev, que conta com Martin Scorsese na produção executiva.

Scorsese, que andou de câmara ao ombro em 1969, em Woodstock, enquanto assistente de realização, que realizou o histórico The Last Waltz (1978), sobre o último concerto da The Band, que nos ofereceu, mais recentemente, No Direction Home, sobre Bob Dylan, e Living In The Material World, dedicado a George Harrison, e que trabalha há algum tempo num anunciado biopic de Frank Sinatra, está entusiasmado. “Os Grateful Dead foram mais do que simplesmente uma banda. Habitavam o seu próprio planeta, povoado por milhões de fãs devotos. Sinto-me muito feliz por este filme estar a ser feito e orgulhoso do meu envolvimento”, cita-o a Variety. O entusiasmo é recíproco. Phil Lesh, Bob Weir, Bill Kreutzmann e Mickey Hart, ou seja, os Grateful Dead, emitiram um comunicado conjunto onde se lia: “Ao longo dos anos foram contadas milhões de histórias sobre os Grateful Dead. Com a aproximação do nosso 50.º aniversário, pensámos ter chegado a altura para sermos nós a contar uma e Ami [Bar-Lev] é o homem perfeito para o fazer."

Os Grateful Dead deram o seu primeiro concerto em 1965, quando ainda usava o nome do primeiro baptismo, The Warlocks. Nos anos seguintes, tornar-se-ia um ícone da contracultura americana, actuando como banda residente dos chamados Acid Tests de Ken Kesey, autor de Voando Sobre um Ninho de Cucos, nesse tempo em que o LSD era ainda uma droga legalizada. Heróis do rock psicadélico na década de 1960 e precursores do country-rock no início da seguinte, transformaram-se numa verdadeira instituição americana. Até à morte de Jerry Garcia, foram ícones culturais inamovíveis, por mais anacrónicos que parecessem aos olhos de muitos (a geração punk, em particular). 

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