Vamos ouvir o jazz que há na música de Kate Bush

Projecto do alemão Theo Bleckmann passa, no próximo mês, pelo Guimarães Jazz, onde também tocam James Carter, Uri Cane e Lee Konitz.

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Theo Bleckmann John Labbe
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Theo Bleckmann Jorge Grosse-Geldermann

Quanto jazz há na pop com que Kate Bush marcou os anos 1980? O cantor e compositor Theo Bleckmann tem a resposta e é possível ir ouvi-la ao vivo no Guimarães Jazz, onde o alemão apresenta o seu projecto Hello World!, no início do próximo mês. A 23.ª edição do festival volta a apostar numa mescla entre a história deste género musical e os criadores mais radicais. De 6 a 15 de Novembro, vai receber também concertos de James Carter, Uri Caine e Lee Konitz.

O programa do festival, que foi apresentado esta sexta-feira, resulta de um “compromisso entre a tradição e a vanguarda” e entre “a ruptura e a citação”, explica o director artístico, Ivo Martins. A citação mais evidente entre os dez concertos do programa do Guimarães Jazz é a de Kate Bush por Theo Bleckmann. Depois de incursões pelo cabaret de Berlim ou pela obra do compositor modernista Charles Ives, Bleckmann reinterpreta neste concerto algumas das canções que tornaram a britânica famosa nos anos 1980, a começar por Hello Earth!, incluída no álbum Hounds Of Love (1985). A canção dá título ao projecto, feito em parceria com John Hollenback e já tinha dado origem a um álbum, em 2011. Agora chega ao palco e passa por Guimarães no dia 8 de Novembro.

O festival vai ao encontro de muita da história do jazz através, por exemplo, de Lee Konitz, uma lenda viva com 87 anos, que trabalhou com quase todos os nomes fundamentais deste género musical. O saxofonista de Chicago apresenta-se em formato quarteto, no dia 14. Entre os destaques desta edição estão também James Carter, um “virtuoso” do saxofone, num concerto em formato Organ Trio (dia 7) e Uri Cane, que se apresenta em trio pelo primeira vez em Portugal (dia 13), apesar de ser um repetente nos palcos nacionais. É, de resto, o único repetente em Guimarães em todo o programa do festival deste ano.

No cartaz do evento estão também os concertos do Infinty Quartet de David Murray (dia 6), do trio do mexicano Adrián Oropeza (dia 8) e do quarteto composto por Reut Regev, Taylor Ho Bynum, Adam Lane e Igal Foni (dia 12), que também vão orientar as oficinas de jazz que decorrem paralelamente ao festival. Como vem sendo habitual, o programa do Guimarães Jazz encerra com um concerto de uma big band (dia 15). Desta feita, a proposta é a Trondheim Jazz Orchestra, dirigida por Eirik Hegdal e com Joshua Redman como solista.

Com 23 anos ininterruptos, o Guimarães Jazz apresenta-se como um “caso de longevidade e persistência”, diz Ivo Martins. O festival “aguenta-se” num cenário cultural difícil que vive o país, ilustra o seu director artístico.

Na edição deste ano estão ainda integrados dois concertos especiais, que acontecem ambos no dia 9 de Novembro. À tarde, toca a big band das ESMAE, acompanhada pelo ensemble de cordas e pelo coro da escola do Porto, que serão dirigidos por Reut Regev e Taylor Ho Bynum.

Às 22h00, estreia-se a parceria entre o Guimarães Jazz e a associação Porta Jazz, com o concerto Impermanence, liderado pela trompetista Susana Santos Silva e desenvolvido em residência com outros músicos europeus como Torbjorn Zetterberg e Maile Colbert, João Pedro Brandão, Hugo Raro, Marcos Cavaleiro e Ana Carvalho. Esta colaboração substituiu a que era mantida pelo festival com a editora TOAP, para a divulgação de jovens músicos nacionais, e que termina agora que a etiqueta discográfica se prepara para fechar portas. O concerto do Porta Jazz é único que se realiza na Plataforma das Artes e da Criatividade, ao passo que todos os outros acontecem no Centro Cultural Vila Flor (CCVF).

À programação do festival deste ano estão também associados dois concertos do ciclo Histórias do Jazz em Portugal, uma co-produção do CCVF com o Hot Club, que começou no início deste ano e se prolonga pelo próximo. Neste âmbito, nos dias 4 e 5 de Novembro, toca André Fernandes. Uma semana depois, também em duas datas, é a vez de João Paulo Esteves da Silva.

 

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