Benfica e FC Porto lançam Luís Duque para a Liga

"Leões" não estiveram representados na reunião dos clubes em Coimbra e rejeitaram, em comunicado, o nome do seu antigo administrador da SAD como candidato de "consenso".

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Luís Duque na rota da Liga de clubes Rui Gaudêncio

Não seria o nome mais aguardado para encabeçar uma candidatura de consenso às eleições para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que se realizam no próximo dia 27, mas Luís Duque acolheu a unanimidade dos 27 emblemas que disputam as competições profissionais e que estiveram presentes num encontro de clubes realizado em Coimbra, esta segunda-feira. O nome do antigo dirigente sportinguista foi lançado por Benfica e FC Porto, que surgiram sintonizados no conclave. Ausente esteve o emblema de Alvalade, que criticou, em comunicado, a solução encontrada pelos seus rivais.

“Uma candidatura [de Luís Duque] nunca poderia ser consensual, sendo personificada por alguém que é alvo de três acções de responsabilidade civil por actos de gestão danosa de um clube associado da Liga e que conta, ainda, no seu historial, com outros processos”, lembraram os “leões” esta segunda-feira à noite, criticando o “jogo de influências” que está a mover alguns clubes na escolha do novo líder da Liga.

“Este é mais um triste episódio do estado a que chegou o futebol português, pelo que o anunciado hoje [esta segunda-feira] em nada nos surpreende – é apenas a continuação da política do vale tudo que alguns persistem em seguir e manter, impedindo a urgente e necessária regeneração do futebol nacional”, acusa o clube de Alvalade, que rejeita vir a estar representado nos futuros órgãos sociais da Liga.

Uma reacção que surgiu horas depois de Tiago Ribeiro, presidente do Estoril e porta-voz dos 27 clubes reunidos em Coimbra, ter anunciado o nome do candidato do “consenso”: “Luís Duque aceitou o convite [para se candidatar à presidência da Liga] e entra com uma missão imediata de convocar uma assembleia para que se faça uma alteração estatutária que desejamos há muito tempo, para que os clubes possam voltar ao comando da Liga”

“Os 27 clubes presentes [faltaram nove: Sporting, Marítimo, Nacional, Leixões, Arouca, Chaves, Académico de Viseu, Santa Clara e Atlético] decidiram, por unanimidade, criar uma lista com o senhor Luís Duque como presidente”, explicou Tiago Ribeiro, que confia nesta solução para “acabar com o caos na Liga”. Para além do antigo administrador da SAD “leonina”, integram ainda a lista José Mendes, para liderar a Mesa da Assembleia Geral, e Carlos Carvalho, candidato à presidência do Conselho Fiscal.

A reacção do Sporting acaba por não ser inesperada [e já era antecipada por alguns dirigentes presentes na reunião de Coimbra, contactados pelo PÚBLICO], face às acções judiciais que os responsáveis do clube moveram recentemente contra Luís Duque, que é acusado de gestão danosa durante a sua última passagem pela SAD “leonina”, no mandato do anterior presidente, Godinho Lopes. Uma decisão que colheu o apoio da Assembleia Geral da SAD e do clube e que Duque tem designado de “campanha negra”.

O Sporting não esteve representado na reunião desta segunda-feira em Coimbra, ao contrário do que aconteceu no anterior encontro, no passado dia 6, na mesma cidade. Na altura, os “leões” – que se fizeram representar por Carlos Vieira, responsável pela área financeira do clube e administrador da SAD, devido ao facto de o presidente Bruno de Carvalho se encontrar no estrangeiro – não subscreveram o documento final, no qual a maioria dos presentes exigia a convocação de novas eleições para a Liga, defendendo a apresentação de um candidato consensual.

Um acordo que não foi subscrito pelo Sporting, por o clube lisboeta defender alterações profundas no funcionamento orgânico da Liga e não apenas uma mudança de nomes nos órgãos sociais. Depois de ter participado nos primeiros encontros preparatórios, com Benfica e FC Porto, promovidos pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), os “leões” acabaram por se distanciar dos seus dois principais rivais no campo desportivo em relação à estratégia a seguir para a Liga.

Até à próxima quarta-feira serão conhecidos todos os nomes que integram a lista encabeçada por Luís Duque, que se anuncia antecipadamente como vencedora, face ao apoio manifestado pelos clubes representados em Coimbra. As eleições de dia 27 serão uma repetição do escrutínio verificado no dia 11 de Julho deste ano, que foi anulado pelo Conselho de Justiça da FPF.

Na altura, Mário Figueiredo acabou por ser reeleito com os votos de apenas sete clubes, entre os quais o Sporting (mas também do Belenenses, Paços de Ferreira, Atlético, Leixões, Farense e Santa Clara), devido ao afastamento das candidaturas lideradas por Fernando Seara e Rui Alves. Ambas foram ainda rejeitadas pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga, Carlos Deus Pereira, por não apresentarem candidatos a todos os órgãos sociais do organismo.

Chamado a pronunciar-se, o CJ rejeitou os argumentos de Deus Pereira para o afastamento destas candidaturas, considerando nula a eleição de Figueiredo e ordenando a repetição do acto eleitoral. Apesar deste acórdão, o ex-presidente da Câmara de Sintra já anunciou que iria desistir da sua candidatura, assim como Rui Alves, mais recentemente. Em silêncio permanece Mário Figueiredo, alvo das críticas da maioria dos clubes associados da Liga.

Com 57 anos, completados no último domingo, Luís Duque prepara-se para regressar ao dirigismo desportivo, depois das passagens pela presidência da Associação de Futebol de Lisboa (1993-99) e pela administração da SAD do Sporting (1999-2001 e 2010-13).

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