Tony Ramos emociona-se na antestreia de Getúlio em Lisboa

O actor brasileiro que interpreta Getúlio Vargas veio a Lisboa para o lançamento de Getúlio, que narra os últimos dias que levaram ao suicídio de um dos presidentes mais emblemáticos do Brasil.

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Trailer Getúlio

A antestreia de Getúlio levou mais de 500 pessoas ao Cinema S. Jorge, em Lisboa, na terça-feira. O filme é uma co-produção entre Portugal e o Brasil e chega às salas portuguesas no dia 23. Tony Ramos emocionou-se no final da exibição, a estreia internacional do filme. "Nem acredito que chorei outra vez."

O filme, do realizador João Jardim, que também esteve presente na antestreia, narra os 19 dias que antecederam o suicídio do Presidente brasileiro Getúlio Vargas em Agosto de 1954, mostrando as conspirações e traições que o ex-ditador sofreu num dos episódios mais marcantes da História brasileira.

Na noite desta terça-feira, Tony Ramos elogiou a dedicação dos dois actores portugueses, Fernando Luís e José Raposo, que entram no filme e estavam também no palco do S. Jorge. "Foi um trabalho perfeito, nomeadamente com o sotaque brasileiro e a caracterização física dos personagens." O luso-brasileiro Thiago Justino também participa no filme, como o temido Gregório, chefe da guarda presidencial de Getúlio Vargas. Já Fernando Luís interpreta o irmão de Getúlio, Benjamim, e Raposo o ministro da Aeronáutica. A co-produção em Portugal foi com a Midas Filmes.

Getúlio Vargas foi Presidente do Brasil duas vezes. Durante quinze anos (de 1930 a 1945) foi o presidente-ditador que rasgou duas Constituições e acabou deposto num golpe militar. Em 1951, volta ao poder eleito pelo voto popular. Em 1954 suicida-se e deixa a célebre carta em que escreve: "Saio da vida para entrar para a História." Foi Getúlio quem criou a Petrobras, o salário mínimo e as férias remuneradas. Era conhecido como "o pai dos pobres".

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Tony Ramos ao centro da mesa e Fernando Luís, que interpreta irmão de Getúlio, de óculos em pé à direita

Numa entrevista no Rio de Janeiro antes da partida para Lisboa (que será publicada no suplemento Ípsilon da próxima semana), o actor brasileiro, de 66 anos, diz que nunca esqueceu o dia da morte de Getúlio. "Era véspera do meu aniversário e minha avó fazia o bolo, quando ela larga aquela tijela e, emocionada, diz: 'O Doutor Getúlio morreu.' Eu achei que era um médico. É como os atentados de 11 de Setembro, você nunca mais esquece onde estava e o que fazia neste dia e, ainda por cima, era véspera do meu aniversário de seis anos." O filme estreou-se no Brasil no dia 1 de Maio e foi recorde de bilheteira. Mais de 650 mil espectadores. "São destas coincidências loucas da minha profissão, sou convidado a fazer o papel de Getúlio que se estreia no ano em que faço 50 anos de profissão."

O realizador João Jardim, que levou sete anos a filmar Getúlio, explicou, também ao Ípsilon, como foi difícil encontrar a documentação sobre a época e sobre o próprio Getúlio, como o seu trabalho acabou por ser "de um jornalista". Jardim, que assina a sua primeira longa-metragem de ficção, é realizador de documentários premiados, como Janela da Alma, Pro Dia Nascer Feliz, Amor? e Lixo Extraordinário, sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz, que chegou a ser nomeado para o Óscar de Melhor Documentário.

Na antestreia também estiveram presentes o realizador português João Canijo e o brasileiro Cacá Diegues, um dos grandes nomes do Cinema Novo brasileiro e que foi produtor associado de Getúlio. Ainda no palco, Tony Ramos anunciou que o próximo filme de Diegues que se passa num circo vai ser filmado em Lisboa. É a primeira vez que o realizador vai filmar no país, mudando-se para Portugal em Novembro para começar a trabalhar.

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O actor brasileiro Tony Ramos, de 66 anos, diz que nunca esqueceu o dia da morte de Getúlio

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