Bruxelas quer mais medidas para eliminar défice tarifário da electricidade

A Comissão Europeia diz que eliminação do défice tarifário da electricidade até 2020 continua a ser “um grande desafio” e defende mais medidas de redução dos custos excessivos do sector energético.

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Taxa extraordinária sobre o sector da energia deve contribuir com 50 milhões para redução do défice tarifário Paulo Ricca

Apesar de reconhecer as medidas já aplicadas pelo Governo para reduzir os custos excessivos do sector energético, Bruxelas considera que o objectivo português de eliminar o o défice tarifário na electricidade até 2020 “será um grande desafio”. É por isso “crucial que as autoridades portuguesas implementem todas as reformas que já anunciaram e continuem a envidar esforços para identificar potenciais novas medidas de poupança nos custos do sector energético”, sustentam os técnicos da Comissão Europeia no relatório sobre o Programa de Ajustamento português.

A dívida tarifária da electricidade já supera os 4400 milhões de euros. O Governo prevê que a criação de superávites tarifários anuais a partir de 2016 contribua para a redução sustentada do défice até 2020, altura em que a dívida acumulada deverá rondar os 600 milhões de euros.

Segundo o Governo, após 2015 não está prevista a criação de novo défice tarifário e, em 2016, o défice tarifário será zero, pelo que a partir desse momento haverá uma redução progressiva da dívida. Até essa data serão expectáveis aumentos anuais dos preços da electricidade entre 1,5 a 2% acima da taxa de inflação, de acordo com o plano de recuperação da dívida tarifária desenhado pelo executivo.

Com as medidas que já anunciou desde 2012, o Governo estima que os cortes de custos do sector energético totalizem 4400 milhões de euros, incluindo as medidas aplicáveis também ao sector do gás, como a negociação com a Galp das mais-valias obtidas pela empresa com a comercialização de gás natural, que o Ministério de Energia quer ver traduzido em reduções dos preços do gás.

“O maior impacto em termos de potencial redução de custos” do sector energético virá da negociação com a Galp e do alargamento do espectro de beneficiários das tarifas sociais de electricidade (cujo financiamento a EDP está a contestar em tribunal), diz a Comissão Europeia nesta avaliação final ao programa de ajustamento português. Já da contribuição extraordinária do sector energético deverão vir 50 milhões de euros para a redução da dívida tarifária, refere Bruxelas.

Porém, estas medidas, bem como a revisão das tarifas especiais para os produtores de electricidade na cogeração e nas energias renováveis, não são suficientes para garantir o plano de eliminação do défice tarifário. Por isso, a Comissão Europeia quer que o Governo continue à procura de novos mecanismos de redução de custos.

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