Marina Silva anuncia apoio a Aécio Neves mas diz que “continuará livre”

"Chegou o momento de apostar na alternância de poder", disse a candidata ecologista. Tudo fica mais difícil para Dilma Rousseff.

Marinas condicionou o seu apoio a Aécio a uma série de exigências
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Marina condicionou o seu apoio a Aécio a uma série de exigências Nacho Doce/Reuters
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Marina Silva com o seu candidato à vice-presidência, Beto Albuquerque, no momento em que anunciou o apoio a Aécio Neves AFP/Miguel SCHINCARIOL

A candidata ecologista brasileira, Marina Silva, que ficou em terceiro lugar na primeira volta das presidenciais brasileiras, anunciou este domingo o seu apoio ao candidato social-democrata Aécio Neves (PSDB), rival da Presidente de esquerda Dilma Rousseff na segunda volta das presidenciais marcada para 26 de Outubro.

"Chegou o momento de apostar na alternância de poder, com a batuta da sociedade, declaro meu voto e meu apoio à sua candidatura. Votarei em Aécio e o apoiarei", declarou Marina Silva, depois de ler uma carta explicando os seus motivos e elogiando as alterações positivas no programa do PSDB.

No sábado, Aécio Neves tinha-se declarado disposto a cumprir várias da exigências feitas por Marina em troca do seu apoio. Numa carta aberta, o candidato do PSDB comprometeu-se a tornar seus uma série de compromissos de carácter social e ecologista defendidos por Marina.

Recorde-se que Marina Silva assumiu a candidatura à presidência do Brasil pelo partido socialista brasileiro (PSB) depois da morte dramática do candidato Eduardo Campos num acidente de avião no dia 13 de Agosto. Após uma campanha em que as sondagens a colocavam à frente de Aécio Neves quase até ao dia das eleições, acabou por ficar em terceiro lugar, guardiã de mais de 20 milhões de votos.

"Faço esta declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e coerentemente suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. Não estou com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar. O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas", afirmou Marina Silva em conferência de imprensa em São Paulo.

As coisas tornam-se assim mais difíceis para Dilma, que nas duas primeiras sondagens efectuadas após a primeira volta já surge ligeiramente atrás de Aécio Neves. Este pode agora contar, para além dos votos do centro-direita, com os muitos desiludidos da esquerda que votaram em Marina. Tanto o PSB como a Rede Sustentabilidade, fundada por Marina, já tinham formalmente declarado o seu apoio a Aécio (no caso da Rede, aos seus apoiantes também foi dada a opção de votar branco ou nulo – tudo menos Dilma). Faltava só a palavra final de Marina.

A Presidente, Dilma Roussef, já reagiu dizendo que este apoio não significa que os 22 milhões de eleitores de Marina passem para Aécio: “Não acredito em transferência automática de votos”, declarou.

Dilma citou o apoio que recebeu do Governador de Paraíba, Ricardo Coutinho, do PSB, como exemplo da divisão dos apoiantes de Marina mesmo entre figuras importantes do partido de Eduardo Campos.

Mas dando uma facada em partes do programa eleitoral dos partidos rivais, citou afinidades nos dois para criticar: “Eles são a favor de reduzir o papel dos bancos públicos, nós não somos. Porque isso significa acabar com o programa ‘minha casa, minha vida’, concretamente”, continuou, referindo-se ao programa de compra de habitação do governo lançado em 2009. “Tem coisa que eu não incorporo no meu programa nem que a vaca tussa”, disse Dilma, citada pelo jornal Folha de São Paulo: “não incorporo reduzir o papel de banco público, não incorporo flexibilizar direito trabalhista”. 

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