Ventos de guerra em Caxemira: Índia e Paquistão trocam tiros e acusações

Já morreram 17 civis esta semana, na mais grave escalada militar da última década.

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A região de Cachemira é disputada pela Índia e o Paquistão NARINDER NANU/AFP

Se a intenção do comité Nobel ao entregar o prémio da Paz deste ano a uma paquistanesa e a um indiano era também enviar uma mensagem de apaziguamento às duas nações inimigas, essa mensagem chega na altura certa.

A Índia e o Paquistão ameaçam com uma escalada militar na região disputada de Caxemira após trocas de tiros que esta semana provocaram já a morte de 17 civis na fronteira entre as duas potências nucleares. Os dois países acusam-se mutuamente de, na segunda-feira, terem lançado bombas e disparado tiros ao longo da Linha de Controlo, que atravessa a região himalaia de Caxemira, e também a região de Sialkot, na fronteira entre o Punjab paquistanês e o Punjab indiano. Nas últimas horas, as armas calaram-se dando lugar à guerra de palavras.

Na quinta-feira, o ministro indiano da Defesa, Arun Jaitley, exigiu ao Paquistão que parasse de disparar contra as posições indianas de Caxemira. “Se o Paquistão persiste no seu aventurismo, as nossas forças tornarão insuportável o preço desse aventurismo”, disse Jaitley. “O Paquistão tem que parar com os tiros e os bombardeamentos injustificados se quiser ter paz na fonteira.”

Já esta sexta-feira, foi a vez de o Paquistão responder. Embora sublinhando que “a guerra não é uma opção”, o Conselho Nacional de Segurança fez saber que responderá com “toda a força” a qualquer tentativa de desafiar a sua soberania. Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro, Nawaz Sharif, “sublinha o facto de ambos os países estarem conscientes das capacidades do outro”, e recorda por isso que “é uma responsabilidade partilhada das lideranças de ambos acalmarem imediatamente a situação” em Caxemira.

A região está dividida entre as duas nações, que já travaram duas guerras pelo seu controlo, em 1947 e 1965, antes da instauração de um cessar-fogo e da Linha de Controlo, uma fronteira de facto. Em 1999, o conflito de Kargil também opôs os dois exércitos no glaciar de Siachen, ao longo da fronteira de Caxemira.

O primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif deslocou-se em Maio à Índia para assistir à tomada de posse do seu homólogo Narendra Modi, num sinal que foi interpretado como o início de uma possível nova era nas relações entre os dois países. Mas depois a linguagem endureceu entre Nova Deli e Islamabad. E uma reunião prevista para Agosto entre os secretários de estado dos Negócios Estrangeiros dos dois países foi anulada depois do embaixador do Paquistão na Índia se ter encontrado com os apoiantes da independência de Caxemira, o que irritou profundamente as autoridades indianas.

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