Vitor Ramil com Mário Laginha e Gisela João: o “mês que vem” é hoje

O gaúcho Vitor Ramil leva um disco notável ao palco do São Luiz. Com Carlos Moscardini, Mário Laginha e Gisela João. Esta terça-feira, às 21h.

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Mário Laginha, Gisela João e Vitor Ramil nos ensaios Daniel Rocha

Na última vez que actuou em Portugal, em 2012, Vitor Ramil estava a preparar um disco duplo que compilava, regravadas, umas trinta canções da sua carreira. Título: Foi no Mês que Vem. É esse disco, entretanto lançado no Brasil, que ele traz esta terça-feira ao palco do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa (21h).

E tal como no disco, muito baseado em voz e violão, há vários convidados (Marcos Suzano, Milton Nascimento, Fito Paez, Jorge Drexler, Ney Matogrosso, Kátia B., Kleiton e Kledir, entre outros), também neste concerto ele conta com boas companhias. Um deles é repetente e já actuaram juntos em Lisboa: Carlos Moscardini, violonista argentino. Os outros são ambos portugueses: o pianista Mário Laginha e a fadista Gisela João. Escolheu-os por gostar de ambos.

“Da outra vez que estive aqui levei o disco da Gisela e gostei muito, o timbre dela é muito bonito; o Mário eu já conheço de há muito mais tempo, de discos, é um músico extraordinário” Mas não se conheciam pessoalmente, sequer. “Aconteceu naturalmente. Eu e ele temos o mesmo gosto musical, coisas de formação, que ele ouviu muito e eu ouvi também. Principalmente Keith Jarrett. Ele tornou-se pianista por causa dele. E eu, depois que gravei o meu primeiro LP, aos 18 anos, comecei a ouvir muito o Keith Jarrett e me tornei um keithjarrett-maníaco. Comprei um piano de cauda, tranquei-me em casa e fiquei estudando todo o dia piano. Nunca me tornei um pianista, não cheguei lá, mas foi um período muito importante para mim.” O seu instrumento de eleição é o violão, aliás estudou violão clássico na infância. “O piano sempre foi um instrumento misterioso para mim, nunca o entendi muito. Foi ficando de lado e comecei a compor num violão com cordas de nylon. Depois troquei por cordas de aço, que interferiram muito na minha forma de compor. Hoje as harmonias que eu faço dependem disso.”

Quando Vitor pensou em Mário e Gisela para este concerto não tinha ainda na cabeça as canções onde cada um interviria. “Estamos a decidir isso agora neste momento”, diz no final de um ensaio. “Enviei o disco para eles e sugeri que eles escolhessem. Aí o Mário sugeriu O copo e a tempestade, que é uma canção que eu gravei com o Marcos Suzano no disco Satolep Sambatown. E eu achei um desafio muito interessante, porque ele está começando a tocar para valer piano Fender, agora. É uma música bem grande.” Mas a parceria também se faz no sentido contrário. Vitor vai tocar temas de Mário Laginha, como Um amor. E, juntos, tocarão ainda Livro aberto e Não é céu, ambos do disco Foi no Mês que Vem, o último dos quais com a participação de Carlos Moscardini.

Com Gisela, Vitor Ramil partilhará Invento e Estrela, estrela. “Esta decidimos agora. Porque ela tem um a voz num registo bem especial. Então ficámos buscando coisas que também eu pudesse cantar, porque eu tenho muitas músicas que são compostas noutra afinação e é muito difícil transpor, fica sem graça. Invento botei na afinação normal e ela vai cantar. Mas eu não, fica difícil p’ra mim.” Já Estrela, estrela cantarão juntos.

O espectáculo terá três “sets” separados. Com Gisela, com Carlos e com Mário. “E há algumas canções que eu toco sozinho, entre um e outro. Mas só com o Carlos, por exemplo, eu toco umas cinco ou seis músicas. Isso por si já é quase um show.”

Vitor Ramil, que nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em Abril de 1962, mudou-se temporariamente para Barcelona e vai lá ficar até Março de 2015. Ia começar um disco mas resolveu mudar de ares antes de o trabalhar a sério. “Pensei que não sairia impune de seis meses noutro país. Vou viver essa experiência e depois gravarei.”

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