Grace casou-se consigo mesma

Fotógrafa britânica resolveu fazer uma cerimónia em que se comprometeu consigo mesma, com direito a aliança e votos e contou a sua história ao “Guardian”. “Foi um dia obviamente centrado em mim”, diz, ainda que não tenha validade legal

Foto
No casamento não faltaram a aliança, os votos e o vestido branco Grace Geller/DR

Em Novembro de 2013, Grace Gelder decidiu que queria casar-se consigo mesma. O pedido aconteceu num banco de jardim em Parliament Hill, Londres, e a decisão estava tomada. Quatro meses de noivado depois, a cerimónia teve lugar em Devon, testemunhada por perto de 50 amigos — da família, apenas a irmã pôde estar presente.

“Tenho estado basicamente solteira nos últimos seis anos e construí uma relação brilhante comigo mesma. Contudo, estava consciente de que caía numa rotina, em que uma relação com outra pessoa me parecia muito trabalhosa”, explica ao “Guardian”. Grace optou, assim, por prestar homenagem “a este período aventureiro de auto-descoberta, olhando, ao mesmo tempo, para uma nova fase”.

Contou à família e aos amigos e as reacções foram diversas. Se os pais a apoiaram com a frase cliché (“Desde que te faça feliz, por nós tudo bem”), os amigos dividiram-se: uns acharam uma boa ideia, outros apelidaram-na de “narcisista”.

Foto
O casamento de Grace Geller aconteceu em Março último, numa quinta de Devon Amy Grubb

Para que a ideia se concretizasse, Grace pediu ajuda a uma amiga, Tiu de Haan, que se dedica a organizar e celebrar cerimónias — sem qualquer validade legal — e juntas criaram “uma espécie de performance”. Amigos e familiares receberam um convite através do e-mail, um mês antes da data marcada.

A 16 de Março de 2014, a fotógrafa não queria acreditar quando entrou na sala escolhida, numa “quinta idílica na Devon rural”. “Encontrei o que me pareceu um mar de caras luminosas”, conta. Esperava perto de 20 pessoas, mas perto de 50 quiseram marcar presença. “Foi um dia obviamente centrado em mim.”

Grace não abdicou de um vestido branco, alianças e votos. “Ter estes elementos tradicionais era importante, uma vez que davam à ocasião a solenidade necessária”, explica. Os votos centraram-se em promessas de arriscar mais em termos amorosos.

“Não a vejo [à cerimónia] como uma declaração feminista, mas criar um casamento deste tipo nos meus próprios moldes deu-me poder sobre a minha própria vida”, reflecte.

No fim do testemunho, Grace sublinha: “E só porque casei comigo mesma não significa que não esteja aberta à ideia de partilhar um casamento com outra pessoa, um dia”.

Sugerir correcção
Comentar