Guterres pede “um superfundo de emergência” para as crises humanitárias

Alto-comissário da ONU para os Refugiados alerta para um aumento exponencial das necessidades de ajuda.

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No campo de refugiados de Dadaab, no Quénia, as rações já foram reduzidas Thomas Mukoya/Reuters

A ajuda humanitária está esticada até aos seus limites devido à falta de fundos, numa altura em que as necessidades aumentam de forma exponencial devido à multiplicação de conflitos e de catástrofes naturais, avisou nesta sexta-feira António Guterres, o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

Numa conferência de imprensa em Genebra, Guterres apelou à criação de um “superfundo de emergência” das Nações Unidas que permita mobilizar mais recursos para as crises humanitárias de “nível 3” (as que são consideradas mais urgentes, como actualmente a Síria e o Iraque).

Esse fundo seria alimentado pelas contribuições obrigatórias repartidas entre os Estados-membros das Nações Unidas, como já é o caso do financiamento das operações de manutenção de paz da ONU, propôs António Guterres.

A ONU dispõe já de um fundo de emergência (chamado Fundo Central de Intervenção de Emergência), mas este é alimentado apenas com contribuições voluntárias. O dinheiro deste fundo não é, de todo, suficiente para responder às necessidades crescentes.

Guterres propôs também que os fundos da ajuda ao desenvolvimento, dez vezes superiores aos da ajuda de emergência, sejam também utilizados pelas operações humanitárias. “A comunidade humanitária está realmente em vias de atingir os limites das suas capacidades face à multiplicação dos conflitos”, declarou Guterres, sublinhando “o aumento exponencial das necessidades” em todo o mundo.

O alto-comissário relembrou que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o número de refugiados no mundo por causa de conflitos e de crises ultrapassou em 2013 a barreira dos 50 milhões.

Para além dos conflitos, as organizações humanitárias devem também responder às necessidades crescentes das populações afectadas pelas alterações climáticas e a “multiplicação de catástrofes naturais”, acrescentou Guterres.

O alto-comissário sublinhou que as consequências da falta de fundos já se fazem sentir nalgumas regiões, citando como exemplo a redução das rações distribuídas pelo Programa Alimentar Mundial no Chade e em Dadaab, um gigantesco complexo de campos de refugiados no Quénia onde sobrevivem 450 mil refugados somalis.
 

  

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