Ponto final no colectivo Kameraphoto

O grupo fundado em 2003 e do qual faziam parte nove fotógrafos decide terminar actividade. Continuidade de Um Diário da República, um dos seus projectos mais importantes, está em aberto.

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Da série "Do Amor. Clausura", uma das fotografias que fazem parte da exposição do Museu Nacional de Arte Antiga Valter Vinagre

A finissage da exposição Olhares Contemporâneos, que decorrerá esta sexta-feira, às 18h, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, será o último acto público do colectivo kameraphoto. Depois de onze anos de actividade, o grupo decidiu pôr um ponto final na sua actividade enquanto colectivo. Em Março deste ano, a sede da Kameraphoto, no Bairro Alto, onde funcionava uma galeria e um laboratório, já tinha fechado por falta de condições económicas para continuar.

A decisão de acabar foi tomada no seio do colectivo do qual faziam parte nove fotógrafos: Alexandre Almeida, Augusto Brázio, Céu Guarda, Guillaume Pazat, Jordi Burch, Martim Ramos, Nelson d'Aires, Pauliana Valente Pimentel e Valter Vinagre.

A Kameraphoto foi fundada em 2003 por seis fotógrafos freelance e a sua matriz inspirou-se em colectivos dedicados ao fotojornalismo e à fotografia documental, que no início da década começaram a surgir em vários pontos do globo. Do grupo chegaram a fazer parte 14 fotógrafos. Nos últimos anos, a dificuldade em colocar o trabalho em publicações editoriais e a escassez de encomendas institucionais foram tornando a sobrevivência do colectivo cada vez mais difícil.   

Ao longo da sua existência - naquele que foi um dos mais estimulantes projectos ligados à fotografia em Portugal na última década - o colectivo produziu dezenas de exposições, concretizou vários projectos com alcance internacional e deixou muitas publicações. A Kameraphoto, que “incentivava os seus membros a fazerem projectos pessoais”, não se esgotava na sua vertente comercial, tendo sido ponto de partida para muitas reflexões críticas e debates sobre fotografia. Entre os projectos concretizados destacam-se Lusofonia, 450, State of Affairs e Um Diário da República, um dos mais importantes projectos do colectivo, que se centra nas mudanças e no quotidiano do país, cuja continuidade fica em aberto. Para além dos nomes citados, fizeram parte do colectivo os fotógrafos António Júlio Duarte, Dora Nogueira, João Pina, Pedro Letria, Pedro Loureiro, Rui Xavier e Sandra Rocha.

“A kameraphoto é como uma banda. Não é uma empresa”, dizia Jordi Burch em Fevereiro deste ano, quando, apesar de todas as dificuldades, restava alguma esperança em continuar. Esta finissage marcará o fim desta “banda”, mas os olhares de cada um continuarão ligados à fotografia.

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