E se as paredes dos edifícios vazios e sem uso falassem?

Habitantes de Famalicão convidados a colocar autocolantes com sugestões nos espaços sem uso. “Se as paredes falassem…” decorre até 5 de Outubro

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Em todo o concelho de Famalicão há 5100 edifícios devolutos, segundo o Instituto Nacional de Estatística DR

As paredes não falam, mas o cidadãos sim. Pelo menos é nisso que acredita a Câmara de Famalicão que, a propósito da preparação do Plano Estratégico para 2025, está a tentar puxar pela participação dos habitantes na discussão sobre o futuro da cidade. Por estes dias, os famalicences são convidados a pegar em autocolantes e a identificar possíveis usos para os muitos espaços devolutos.

O desafio é lançado através da iniciativa “Se as paredes falassem…” que vai decorrer até 5 de Outubro. Até lá, quem se der ao trabalho de ir levantar autocolantes nos paços do concelho poderá depois colá-los nalguns dos muitos imóveis sem uso – serão cerca de 5100 em todo o concelho, a maioria dos quais na cidade – explicando o que gostaria de ver ali instalado. O presidente da câmara, Paulo Cunha pretende utilizar as sugestões no momento de definir as Áreas de Regeneração Urbana, instrumento necessário para as candidaturas ao novo quadro comunitário.

A iniciativa de Famalicão não é original. Em Braga, já este ano, um grupo informal, o Dish Mob, realizou uma acção semelhante, espalhando cinco mil autocolantes pela cidade e apelando à participação dos cidadãos. E já no ano passado, em Coimbra, o grupo Improve Coimbra avançou com uma iniciativa “Isto Dava…”, com recurso aos mesmos suportes. A diferença, no caso, é que desta vez é um município a apelar, directamente, à intervenção cívica.

“Ainda antes de olharmos para o resultado disto, há aqui uma vontade de puxar pela intervenção dos cidadãos”, assume o presidente da câmara. O mesmo propósito atravessa as restantes iniciativas do “Famalicão Visão’25 – 25 ideias para o futuro” que, desde 11 de Setembro deu origem a quatro semanas de actividades dedicadas aos quatro grandes temas do horizonte Portugal 2020: o crescimento sustentável, o crescimento inclusivo, o crescimento inteligente – no qual se insere a reflexão em torno do urbanismo – e a governança, que será abordada na última semana, que termina a 10 de Outubro.

Os apelos à participação multiplicam-se. Numa das semanas, a do crescimento sustentável, os cidadãos foram convidados a escrever as suas sugestões e a pendurá-las num enorme estendal público. E durante todo o mês, há um sofá amarelo, com uma lousa, a fazer de tablet do antigamente, que percorre empresas e outras organizações, à espera que alguém se sente e diga de sua justiça sobre o futuro do concelho. No passado sábado, o sofá Visão 25 foi até ao Rivoli, no Porto, para o evento Cidadania 2.0, onde foi apresentado como um bom exemplo de promoção da intervenção cívica.

Ainda no âmbito do tema desta semana, os famalicenses são convidados a participar no concurso de fotografia Flash-Urbe, organizado pela autarquia com o apoio da Associação Caixa de Imagens e da Editora Centro Atlântico, que os desafia a fotografarem os edifícios degradados do centro urbano da cidade, reservando prémios de 300, 200, e 100 euros e livros para os três vencedores. As imagens podem ser entregues até 30 de Outubro.  

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