Cartas à directora 27/09

Também os partidos são mortais

Interessante a crónica de Jorge A. Fernandes na revista 2 do passado domingo.

Na França, onde se deu a revolução que iniciou a Idade Contemporânea, tem-se falado, nos últimos dias, na possibilidade da esquerda morrer ou do «suicídio da esquerda» ou, ainda, a sobrevivência da esquerda e a do Partido Socialista.

Manuel Valls, encarregado de formar um novo gabinete por ordem do presidente Hollande, alertou: "Sim, a esquerda pode morrer. Sentimos que chegámos ao fim de qualquer coisa, talvez mesmo ao fim de um ciclo histórico do nosso partido". Ou ainda, como escreveu um jornalista francês, "o debate interno no PS é assassino."
Também na França o socialismo vê a sua credibilidade destruída. Este discurso não pode fazer-se em relação ao PS português? Ou em relação a um outro qualquer partido? Se calhar... Temos desacreditado nos políticos.
Quanto mais nos envolvem, mais mentirosos se vêm a revelar (sim, estou a pensar no último exemplo: Marinho e Pinto).

"Não apenas os humanos são mortais", escreve Fernandes. "Também o são as nações" (Bassets), "as ideologias, os partidos e todas as velhas certezas", acrescenta o jornalista do PÚBLICO!

Somos muito teimosos. Mais ainda o são os políticos. Alguns partidos terão que morrer para que se salve a democracia?

Teremos "velhos do Restelo" como políticos? O problema ultrapassa a França. ..

A "morte" dos políticos no seu verdadeiro e mais autêntico sentido e, consequentemente dos partidos, parece-me (a mim que não entendo de política nem entendo os políticos), que já começou há muito em Portugal...

Céu Mota, Sta Maria Feira

 

Afinal Passos Coelho tem memória

Ainda bem que é uma pessoa normal. Há uma semana tinha ficado muito preocupado porque deduzi que o primeiro ministro do meu país tinha perdido a memória o que não é nada bom para quem ocupa um cargo de tão grande importância. Portugal ficaria muito enfraquecido por ter um primeiro ministro sem memória. Felizmente para os portugueses era coisa passageira e como hoje se verificou no debate parlamentar a memória voltou. Passos Coelho já se lembra de quase todos os pormenores da sua ligação à Tecnoforma e á CPPC (Conselho de Fundadores do Conselho Português para a Cooperação) que era uma organização não governamental criada pela Tecnoforma para angariar fundos públicos para a sua actividade, exceptuando, claro, do quantitativo recebido. Perdão, enganei-me, não é recebido, é reembolsado. Palavras, sempre e só palavras. A verdade nua e crua, sem rodeios nem semântica é que Passos Coelho ajudou, pelo silêncio, a criar um caso. Afinal foi preciso uma semana para se lembrar de coisas que qualquer cidadão comum não esquece. Qualquer pessoa normal se recorda, mesmo ao fim de muitos anos, das várias coisas, boas e más, relacionadas com a sua vida profissional, tais como empresas ás quais esteve ligado, vencimentos, regalias, etc. Eu próprio, com os meus 68 anos, lembro-me perfeitamente do meu percurso profissional iniciado em 1971 depois de regressado da guerra da Guiné. Passos Coelho portou-se mal quando disse que não se lembrava. Esqueceu-se do básico, ou seja, ele como muitas pessoas só se esquecem  do que lhes convém, só que ele não é qualquer pessoa, ele é o primeiro ministro. Mas mesmo assim e apesar de tudo fiquemos felizes,  porque Passos Coelho, o nosso primeiro ministro, recuperou a memória.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

 

O PÚBLICO ERROU

Na edição de hoje da Fugas, na página 36, o texto sobre o Renault Twingo sai acompanhado de uma foto de um Citroën. Pelo erro, a que é alheio o autor do texto, apresentamos as nossas desculpas. Aos leitores e às marcas envolvidas.
 


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