Galerias romanas da Baixa abrem a visitas por três dias

As galerias da lisboeta rua da Prata só podem ser visitadas duas vezes por ano: chega agora nova oportunidade com as Jornadas Europeias do Património, de 26 a 28 de Setembro. A entrada é gratuita (mas pode dar direito a longa espera...)

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Daniel Rocha

A meio de cada Primavera e por volta do início de cada Outono, repete-se a peregrinação às galerias romanas da Rua da Prata, apenas disponíveis para visita seis dias por ano: se as condições o permitem, além da abertura em nome do Dia dos Monumentos (em Abril), manda a tradição que abram também para celebrar as Jornadas Europeias do Património em Setembro (que, em Portugal, agendam um meio milhar de iniciativas similares).

E manda a tradição também que a afluência seja tal que as filas cresçam pela Baixa e obriguem os mais pacientes a esperarem muito tempo para atingirem o seu objectivo.

Isto porque o passeio parece continuar envolto numa aura de mistério, exercendo um certo fascínio sobre muitos dos que, por fim, penetram nestas (muito) húmidas galerias. Uma das razões, para além do peso da História, prender-se-á, decerto, com o facto de o espaço apenas ser visitável tão poucos dias por ano.

A abertura de Setembro decorre entre 26 e 28 de Setembro (sexta a domingo) das 10h às 18h (última entrada às 17h30). As visitas guiadas, informam, serão realizadas em grupo, não havendo direito a marcações.

Vale a pena ir prevenido — particularmente no sábado à tarde e domingo — para esperar na fila que se vai alongando pela rua dos Correeiros a partir do ponto de encontro na rua da Conceição (junto ao n.º77). Para garantir entrada, o melhor é também madrugar: "Devido ao grande afluxo de público a fila pode encerrar mais cedo".

As visitas, por um ambiente de semipenumbra entrecruzada com focos teatrais, são guiadas por ténicos do Museu da Cidade e do Centro de Arqueologia de Lisboa. A descida a esta memória romana é uma lição de história in loco, feita por uma breve rede de galerias perpendiculares, entre celas escuras (que deverão ter servido de áreas de armazenamento), núcleos de água, arcos em cantaria, até à Galerias das Nascentes, também chamada de "Olhos de Água", onde, de uma fractura contínua, brota incessantemente toda a água que invade o espaço - era aqui que nascia um célebre e adorado poço, o Poço das Águas Santas, local de "águas milagrosas".

Se pretender surpreender-se ainda mais com a História da cidade ao vivo, passe também pelo Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, onde é possível ver camadas e sinais não só da Lisboa romana mas também de outras eras.

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