Vereador nega ter culpado IPMA e Protecção Civil pelas inundações em Lisboa

Carlos Castro desdisse o que afirmou ontem: afinal, a resposta de todos os serviços foi "notável" e com uma "excelente coordenação". Protecção Civil garante que avisou com antecedência.

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Chuva inundou ruas e lojas em várias zonas da cidade DR

O vereador da Protecção Civil na Câmara de Lisboa negou nesta terça-feira ter acusado o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ou a Protecção Civil pelos danos causados pela chuva de segunda-feira, afirmando que estas entidades deram uma "resposta notável". Carlos Castro contradisse assim as declarações que fez à comunicação social na sequência do dilúvio que inundou várias partes da cidade.

"Não acusei, não me queixei, nem desconsiderei os serviços", disse o autarca na reunião da Assembleia Municipal, esta tarde. No entanto, ontem Carlos Castro criticou o IPMA por não ter previsto tanta chuva, acrescentando que a cidade se teve de preparar "à última da hora".

"Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa", disse numa conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo.

Na sequência destas declarações, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) emitiu nesta terça-feira um comunicado garantindo que "todos os avisos emitidos pelo IPMA foram de imediato encaminhados a todo o sistema nacional de protecção civil através dos Comandos Distritais de Operações de Socorro, que, posteriormente, informaram os Serviços Municipais de Protecção Civil e os Corpos de Bombeiros respectivos, entre outras entidades, da ameaça de mau tempo".

A ANPC esclarece que inicialmente foi decidido não elevar o estado de alerta para além de azul, o qual já prevê a prontidão das forças de socorro, uma vez que ainda está no terreno todo o dispositivo da fase Charlie (a fase crítica de combate aos incêndios, que termina a 30 de Setembro), "uma vez que não houve retracção do mesmo e se esperava que fosse capaz de responder, como sucedeu, a ocorrências desta tipologia".

Quando recebeu do IPMA a indicação da possibilidade de inundações rápidas no distrito de Lisboa e, em particular, na cidade, "a  ANPC informou de imediato, via telefónica, o respectivo Comando Distrital e a Sala de Operações Conjunta RSB/SMPC de Lisboa, tendo logo essa informação sido reforçada com o envio de SMS pelo CDOS de Lisboa para todos os SMPC e Corpos de Bombeiros do referido distrito", sublinha.


Imagens de radar do mau tempo na segunda-feira (Fonte:IPMA)

Quanto ao vereador Carlos Castro, disse agora que o que ocorreu foi uma "situação anormal" de uma forte chuva que coincidiu com "o pico da maré". "O que interessa é que a resposta dada pelo Regimento dos Sapadores Bombeiros, a Protecção Civil, os bombeiros voluntários e as juntas de freguesia foi notável", afirmou, elogiando a "excelente coordenação dos serviços".

"Este foi um fenómeno que não controlamos ou prevemos com muita antecedência, mas foi respondido de forma exemplar. Não estamos aqui para encontrar culpados. Era preciso encontrar soluções e essas soluções foram encontradas", concluiu o vereador, que agradeceu ainda a "todos os homens e mulheres" envolvidos nas operações socorro e limpeza.

Sarjetas por limpar?
Segundo o autarca, as freguesias mais afectadas pelo mau tempo foram as de São Domingos de Benfica, Avenidas Novas, Santo António, Santa Maria Maior, Arroios e Alcântara. "Todas as sarjetas tinham sido limpas há poucos dias", garantiu, respondendo a acusações por parte da oposição de falta de manutenção do espaço público

Na reunião da Assembleia Municipal, o deputado do PCP Carlos Silva Santos acusou a Câmara de Lisboa de falta de prevenção e de manutenção adequada. "Bastou uma bela chuvada para pôr em causa os sistemas municipais e a sua interacção com os serviços transferidos para as freguesias", disse.

Afirmando que a "maior parte dos pisos não foi reparado a tempo", o deputado considerou que as "chuvas próximas vão desencadear o aparecimento de uma epidemia de buracos na cidade".

O deputado do CDS-PP António Ferreira de Lemos questionou o executivo sobre as declarações da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil, que acusou autarquias e empresas de negligenciarem o planeamento, contribuindo para agravar as consequências do mau tempo, como as inundações, mas não obteve resposta.

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