“O genoma humano vai funcionar como o iTunes”

No dia em que o P3 comemora três anos pedimos a algumas pessoas que fossem o génio da lâmpada e apresentassem três ideias de futuro. José Luís Costa, investigador que se dedica ao estudo do cancro, aponta avanços na ciência que “podem parecer ficção científica — mas que vão mesmo acontecer”

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Fernando Veludo/NFactos

1. Democratização da sequenciação do genoma humano

“A sequenciação do genoma humano está prestes a passar a ser algo rotineiro. Num futuro próximo, vamos nascer e ser logo sequenciados, para ficarmos com toda a nossa informação genética. Essa informação poderá ser acedida de maneira diferenciada — e de acordo com as necessidades médicas, para se tentar perceber se determinadas patologias têm ou não significado genético inerente (…) Está a ser cada vez mais barato fazer este tipo de análise e vai deixar de haver necessidade de se fazerem testes genéticos específicos. Vai funcionar um bocadinho como o iTunes: temos o genoma sequenciado e quando o médico desconfia que temos uma doença genética, do tipo cancro da mama hereditário, vai à nossa AppStore e tira o resultado para o teste genético do cancro da mama hereditário.”

2. Terapia personalizada

“O cancro é uma doença genética por definição, com muitas complicações, uma incidência bastante elevada e que causa a morte a muita gente. Em breve será possível estudar compreensivamente todas as alterações genéticas de um dado tumor de uma pessoa, no conceito de terapia personalizada, e começar a tratar esse tumor em específico. Hoje em dia, isto é algo que vive à base da quimioterapia, para tentar abranger o máximo de pessoas possível. Além disto, também a monitorização do tratamento será diferente, numa lógica de doença crónica. Seguir o doente, muito possivelmente, através de análises de sangue, para perceber a informação presente no tumor — independentemente de ser na mama ou no estômago (…) Caminhamos para tornar o cancro numa doença tratável e controlável ao longo da vida.”

3. Estudar a célula individualmente

“Estamos a chegar a um ponto em que vamos conseguir estudar as células individuais, em vez de olharmos para tecidos ou organismos inteiros (…) Isto vai-nos permitir perceber não só a genética dessa célula mas também abrir um campo brutal de experiências, no cancro e o no geral. A partir do momento em que conseguirmos, num tumor, individualizar cada uma das células, conseguiremos perceber quais as informações genéticas de cada uma delas e trabalhá-las ou combatê-las individualmente.”

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