Câmara de Almeida projecta memorial Aristides de Sousa Mendes para Vilar Formoso

A Câmara Municipal de Almeida pretende instalar, em Vilar Formoso, um memorial dedicado a Aristides de Sousa Mendes, com o objectivo de dinamizar o turismo no concelho.

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Nuno Alexandre Mendes

Segundo o autarca António Baptista Ribeiro, o espaço museológico e documental, para além de evocar a memória do cônsul Aristides de Sousa Mendes, também será dedicado aos judeus e aos refugiados da II Guerra Mundial.

O projecto tem uma estimativa orçamental de cerca de 800 mil euros e será candidatado a fundos comunitários.

O autarca diz ter a certeza de que será "um projecto muito importante" para Vilar Formoso, para o concelho de Almeida e também para o país.

"Estamos na principal fronteira terrestre do país, na porta de entrada e de saída para a Europa", disse, vaticinando que o equipamento cultural, quando estiver concretizado, "atrairá milhares de visitantes" à região.

A Câmara Municipal de Almeida pretende adquirir os antigos armazéns ferroviários da estação de Vilar Formoso, que se encontram degradados, mas as negociações com a Refer (Rede Ferroviária Nacional) estão "num certo impasse" devido ao processo de fusão com a Estradas de Portugal, segundo o responsável.

"Eu tenho vindo a insistir para que esse acordo [de cedência dos edifícios] venha a ser conseguido, e estou esperançado que sim, porque não têm qualquer utilização", disse.

António Baptista Ribeiro considera que faz todo o sentido instalar o espaço museológico junto da estação ferroviária, pois a Linha da Beira Alta está associada ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus e os refugiados entraram em Portugal de comboio.

Entre os dias 17 e 19 de Junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática.

O autarca de Almeida garante à Lusa que o plano do memorial "continua vivo" e que já foi feito "um grande trabalho de pesquisa" por parte da arquitecta Luísa Marques e da historiadora Conceição Ramalho.

"Esse trabalho de investigação, feito não só em Portugal, mas também no Luxemburgo, nos Estados Unidos e em Israel, está feito, está concluído. E, portanto, digamos que temos uma grande parte do que são os nossos objectivos já concluídos", acrescentou.

O projecto insere-se no sector do turismo judaico e a autarquia de Almeida, que já aderiu à Rede de Judiarias de Portugal, tenciona desenvolver outros trabalhos naquela área, nas localidades de Vilar Formoso, Malhada Sorda, Almeida e Castelo Bom.

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