A Lovers & Lollypops faz nove anos e quer comemorar connosco

Editora e promotora celebra o aniversário com quatro dias de "bailes sem cerimónias" em vários espaços do Porto

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Nelson Garrido

Nove anos. Nove anos são mais de uma centena de meses, três mil e tal dias, mais de quatrocentas semanas; são milhares e milhares de horas, milhões de minutos, com uns quantos cabelos brancos à mistura e muita vontade de continuar. É o princípio do décimo de século que a aventura Lovers & Lollypops (L&L) celebra para o ano. A editora, promotora e produtora, sediada no Porto mas com uma preciosa costela barcelense, está de parabéns — e quer comemorar connosco.

As velas sopram-se a partir de quinta-feira em vários espaços do Porto, autênticas segundas e terceiras casas da Lovers, explica o manda-chuva Joaquim Durães, ou seja, Fua. Dia 18, depois do concerto de quarta no Musicbox, em Lisboa, os nipónicos Kufuki levam ao Passos Manuel a sua teia electrónica psicadélica com “filtros de música sul americana dos anos 60” (vem aí uma cassete a caminho). Sexta, há que entrar no fim-de-semana no Café au Lait com Os Gonçalos e (saudades!) o regresso da máquina de festa L&L Soundsystem. Sábado, dia 19, a ressaca, a existir, é para ser curada, a partir das 17h, no jardim do Praça de Alegria F.C., palco de Tainas e futebol, com um cartaz de luxo: as paisagens utópicas de Negra BrancaSoundsystem que, diz Fua, “exploram um pouco a dualidade de viver em Manchester mas ser do Cartaxo”, HystericalOneManOrchestra, Ghuna X, DJ Lynce, Satã, Pata Negra e Paddy Shine (Gnod). A entrada, sublinhe-se, é livre. Domingo, o Maus Hábitos recebe a electrónica algo obscura dos suecos Lust for Youth e o rock’n’roll “in your face” dos Glockenwise, numa parceria com a Revolve.

Uma festa de aniversário que surgiu de “uma forma casual”, o que tão bem ilustra a forma de viver a música tão característica da Lovers & Lollypops. Fua tinha em mãos os concertos de Kufuki, Lust for Youth e Negra Branca e pôs-se a questão: “Porque não festejar o nosso aniversário e juntar, a esses, outros nomes?”. Tornou-se uma “bola de neve pequenina”, uma “celebração” com as pessoas que acompanharam a editora, uma, também, espécie de “retrospectiva”.

Nove anos é muita coisa — mesmo quando reduzidos a nove concertos. O que mudou? “Em 2005, não havia plano algum. Era a urgência de fazer e de fazer acontecer. Nós sentíamos que tínhamos de fazer.” A partir do momento em que há um festival-fenómeno chamado Milhões de Festa, com um acordo camarário de quatro anos, e um calendário de edições anual surge “uma nova estrutura e uma nova forma de pensar”. Já não é fazer a festa e só arrumar a casa no dia seguinte. É preciso pensar a "longo prazo". Continuam a existir alguns concertos sem gente, mais prejuízo que lucro, alguma "precariedade". “Mas conseguimos viver melhor com isso do que vivíamos no passado.”

E o que se segue? “Consolidar as ideias”, diz Fua. No que toca ao Milhões, mas também ao “novo menino” da L&L, o açoriano Tremor. Continuar com a “procura quase insana” de colocar as bandas da editora no mapa — de Portugal e do mundo. “Queremos ter a música portuguesa e a música das bandas da Lovers presente nos circuitos internacionais.” Ao fim de mais de 60 edições (em vinil, digital, cassete e CD), têm plena “consciência do risco e da dificuldade de lançar discos em 2014”, mas pouco se compara “ao momento em que chega o álbum ao escritório”. “A procura incessante de novos sons e novas bandas é algo que nos alimenta e que dá vontade de continuar.”

Só por isso, dia 29, via L&L e Shit Music For Shit People, está cá fora o mais recente álbum de JIBÓIA. O novo de trabalho dos Equations também está quase aí, tal como a já mencionada cassete de Kufuki e uma outra dos Glockenwise. A fechar o ano, regressa o festival 20 XX Vinte, com edições no Porto e Lisboa, e 2015 arranca com o Tremor. “E com isto já estamos entregues ao trabalho.”

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