Diemut Poppen e a paixão pela música de câmara

Deste sábado até 10 de Outubro, o Festival Cantabile, com direcção artística da violetista Diemut Poppen, traz a Lisboa e Sintra várias obras-primas da música germânica e francesa.

Foto
Diemut Poppen Claudia Böchelmann

Para Diemut Poppen, conceituada violetista no plano internacional e professora na Escola Superior de Música Reina Sofia de Madrid, “organizar um festival de música de câmara é a coisa mais natural deste mundo”. Em 2010 aceitou o desafio do então director do Goethe-Institut Portugal, Joachim Bernauer, e criou em Lisboa o Festival Cantabile, em co-produção com a Fundação Gulbenkian, uma iniciativa que se junta à sua experiência como directora artística de festivais de música de câmara na Alemanha, na Suíça e em Espanha.

A combinação entre o repertório germânico e a música francesa constitui a principal linha de programação da edição deste ano, que decorre entre este sábado e 10 de Outubro em locais como a Fundação Gulbenkian, o Goethe-Institut, o Palácio Foz e os Palácios de Monserrate e de Queluz. O primeiro recital (este sábado, às 21h, em Queluz) será preenchido com a Sonata nº1 para violino solo, de J. S. Bach; o Trio Kegelstatt, de Mozart; Siringe, para flauta solo, de Debussy; e o Quarteto com piano op. 45, nº2, de Fauré. Além de Diemut Poppen são intérpretes Paolo Giaccometti (piano), Jacques Zoon (flauta), Barnabás Kelemen (violino) e Iseut Chuat (violoncelo).

“O anterior director do Goethe Institut, Joachim Bernauer [entretanto substituído por Claudia Hahn-Raabe] foi músico quando era mais jovem. Em tempos convidou-me para vir a Lisboa dar uma masterclass com a Maria João Pires e o violinista Augustin Dumay e na época pensámos que seria uma boa ideia fazer aqui um festival de música de câmara, projecto que acabou por se concretizar há cinco anos”, contou ao PÚBLICO Diemut Poppen. A música alemã e austríaca sempre esteve no centro do festival, ainda que em combinação com ocasionais apresentações de obras portuguesas (por exemplo da autoria de Pinho Vargas, Alexandre Delgado e César Viana), mas esta 5ª edição dará ênfase à música francesa.

“É um repertório muito interessante que inclui obras que as pessoas raramente ouvem pois exigem combinações instrumentais mais difíceis de organizar”, diz a violetista. “Neste caso contamos com a colaboração de solistas da Orquestra Gulbenkian em peças como o Trio para harpa, flauta e viola, de Debussy que é uma obra de magnífico colorido, ou o Septeto de Ravel [Introdução e Allegro para harpa, flauta, clarinete e quarteto de cordas] no dia 17, bem como no extraordinário Quinteto para Piano e Sopros de Mozart e no Sexteto de Poulenc  [dia 14, no Grande Auditório Gulbenkian].” Diemut Poppen salienta ainda a estreia em Portugal de Sleipnir der Achtbeinige da compositora contemporânea suíça Helena Winkelmann no programa do dia 17 — “achei que seria uma boa ponte entre a música francesa e a música alemã” — e Enchanted Preludes de Eliot Carter. “Queremos que a nova música esteja sempre representada.”

O Quarteto Schumann, “um jovem agrupamento alemão de elevada qualidade”, que se apresenta no Palácio Foz no dia 18 e o recital de Lied pela meio-soprano Gerhild Romberg e pelo pianista Manuel Lange com canções alemãs e francesas (dia 10 de Outubro, no Palácio de Queluz) são outras propostas a ter em conta.

Quanto à selecção dos intérpretes, Diemut Poppen refere que parte de “uma extensa rede de músicos” construída ao longo dos anos. “É importante encontrar solistas que também sejam experientes no campo da música de câmara e que funcionem bem musicalmente e emocionalmente em conjunto. Não é um trabalho é uma paixão!” A violetista conta que encontrou pela primeira vez Jacques Zoon, “um dos melhores flautistas do mundo”, quando tinha 16 anos, na Orquestra Juvenil da União Europeia, dirigida por Claudio Abbado.

“Sempre fizemos música em conjunto. Achei que era uma boa ideia convidá-lo para o festival deste ano. Também o pianista holandês Paolo Giaccometti costumava tocar com o Jacques Zoon quando ele era flautista da Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão. Agora encontramo-nos todos de novo em Lisboa.”

Diemut Poppen diz que “os músicos são como uma grande família” em sentido figurado, mas também literal, pois o festival dará também a ouvir dois “meninos-prodígios”, filhos de Jacques Zoon, no dia 19, no Goethe Institut: Emmanuel Zoon (14 anos) no violino e Noémi Zoon (9 anos) ao piano. Crítica de música clássica

Mais informações em: http://www.goethe.de/ins/pt/lis/kul/mag/mus/can/ptindex.htm

Sugerir correcção
Comentar