Há um sketck dos anos 70 em que os humoristas Monty Python recriam um jogo de futebol entre a equipa dos imitadores de Long John Silver – pseudo-piratas com uma perna funcional a menos e uma canadiana a mais – e os 11 Ginecologistas de Bournemouth – que correm pelo relvado de bata branca e touca cirúrgica no cabelo. No sketch nem se percebe se o principal jogador era o John Cleese tal era a velocidade da partida, mas a graça estava no facto de que os piratas permaneceram estáticos durante toda a disputa: não manifestaram qualquer intenção de ataque ou o mínimo gesto no sentido de defender a baliza, pelo que a formação ginecológica se limitou a marcar um golo atrás do outro, sem qualquer obstáculo pela frente.

O enredo britânico seria então mera ficção, mas antecipava em 14 anos o que veio a passar-se efectivamente em Novembro de 1984, em França, quando o UA Vergt, da terceira divisão de râguebi, bateu todos os recordes de pontos em qualquer classe da modalidade ao perder por 236-0 e 350-0. Sim: ao perder por duzentos e trinta e seis pontos de diferença, e logo depois por trezentos e cinquenta também.

No primeiro caso, foi o colectivo dos Gujah-Misters que bateu o UA Vergt pelos assombrosos 236-0; no segundo jogo, uma semana depois, foi a equipa do Lavardac que aumentou em 114 pontos aquela que já parecia uma margem impossível.

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O UA Vergt, contudo, não jogava em muletas. O clube tinha é visto quatro dos seus jogadores recentemente suspensos e, em protesto contra uma decisão que consideravam injusta, os restantes atletas da equipa decidiram manifestar o seu descontentamento enfrentado o adversário em total passividade. Em vez de faltarem ao jogo, optaram por faltar às jogadas.

A partir do livro "Rugby Strangest Matches", de John Griffiths