Bosch, Van der Weyden e Tintoretto não sairão do Museu do Prado

A direcção do Museu das Colecções Reais, actualmente em construcção, desejava reclamar para si as obras dos três mestres em exposição no Prado, algo a que o Governo de Rajoy não acedeu

Foto
"A Descida da Cruz", de Van der Weyden

Há um novo museu a ser construído próximo da Catedral de Almudena, em Madrid, o das Colecções Reais, e o seu director, tal como o presidente do Património Nacional espanhol, desejava que, entre o seu espólio, estivessem incluídas obras de Hieronymus Bosch, Van der Weyden e de Tintoretto, em exposição no Museu do Prado, igualmente instalado na capital espanhola.

Para tal, endereçaram uma petição ao governo espanhol. O executivo de Rajoy, porém, não está disposto a aceder ao desejado. “O Governo não tem previsto de forma alguma mexer na colecção do Prado, esses quadros continuarão no museu”, declararam esta sexta-feira ao El País dois “altos representantes” do executivo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.

O diário espanhol refere que em Julho passado José Rodríguez-Spiteri, presidente do Património Nacional, terá escrito a Miguel Zugaza, director do Museu do Prado, manifestando a vontade de recuperar as obras dos pintores supracitados, propriedade do Património Nacional espanhol, reservando-lhes lugar de destaque no novo museu em construção. Do Prado, a resposta foi que nenhuma carta desse teor havido chegado à instituição.

O Ministério da Cultura espanhol confirmaria depois os desejos de recuperação das obras. Quatro eram particularmente cobiçadas: O Jardim das Delícias Terrenas e Os Sete Pecados Mortais, de Hieronymus Bosch, A Descida da Cruz, de Van der Weyden, e O Lava-pés, de Tintoretto, obras não só fundamentais da colecção do Prado como referências da história da pintura mundial.

Foto
O Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymus Bosch, é uma das obras mais célebres em exposição no Museu do Prado

Tal recuperação, contudo, não acontecerá. Segundo o El País, é intenção do Governo espanhol que continuem no mesmo local para onde foram transportadas em 1936, por decisão dos responsáveis da República espanhola, para as proteger enquanto decorresse a guerra civil que a opunha aos franquistas. Um decreto de 1943 estabeleceu a figura jurídica de depósito temporal, e este foi renovado pela última vez em 1998 num novo documento.

A polémica está a azedar as relações entre os responsáveis do Património Nacional e o Museu do Prado - os primeiros já terão informado Zugaza que não estão dispostos a ceder obras para futuras exposições do Prado.

Antigo Património da Coroa de Espanha, o Património Nacional, nome que passa a ter a partir de 1940, é um organismo público que reúne uma parte importante do património ligado à monarquia, nomeadamente palácios, parques, jardins, conventos e mosteiros, além de muitas outras peças artísticas, cuja conservação é, assim, responsabilidade do Estado espanhol.

A ideia de fazer um museu para mostrar este património surgiu em 1998 e em 2002 o projecto da dupla de arquitectos Mansilla+Tuñón ganhou o concurso para o edifício, que começou a ser construído em 2006, tendo as obras atrasado muito devido a importantes descobertas arqueológicas no local. A inauguração do Museu das Colecções Reais - que ocupa um espaço de mais de 40 mil metros quadrados - está prevista para 2016. 

Sugerir correcção
Comentar