Consórcio de Pais do Amaral formaliza interesse na TAP

Empresário português e Frank Lorenzo terão apresentado garantia do JP Morgan sobre capitais para a compra está assegurado.

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A proposta de Pais do Amaral é feita em consórcio com Frank Lorenzo e o grupo Barraqueiro Nuno Ferreira Santos

O empresário Miguel Pais do Amaral e o norte-americano Frank Lorenzo, antigo accionista e presidente da Continental Airlines, formalizaram junto do Governo uma proposta não vinculativa para comprar 100% da TAP, avança o Diário Económico. O ministro da Economia já veio dizer que há vários interessados e que a TAP “não pode, nem deve ser privatizada sob pressão”.

Os empresários, que actuam em consórcio com o grupo Barraqueiro, apresentaram uma garantia por parte do banco JP Morgan assegurando que o consórcio tem os capitais necessários para concretizar a compra da companhia aérea. O JP Morgan está a assessorar o consórcio, que está também a trabalhar com o BPI.

Depois de o PÚBLICO e o Diário Económico terem noticiado em Janeiro o interesse de Miguel Pais do Amaral na TAP, o empresário veio, já em Julho, garantir que em breve teria condições de apresentar uma oferta pela companhia. Numa entrevista à publicação Dinheiro Vivo, garantia que o interesse passa pela compra de 100% do capital da TAP, mas não esclareceu se a oferta se limitaria ao negócio da companhia de aviação ou se seria dirigia a todo o grupo, o que inclui a unidade de manutenção no Brasil, deficitária.

Segundo o Diário Económico, Pais do Amaral tem mantido contactos frequentes com o Governo (gabinete do primeiro-ministro e Ministério da Economia). O empresário português disse que os primeiros contactos com a TAP, já em consórcio com Frank Lorenzo, começaram em Outubro do ano passado.

A notícia de que Pais do Amaral apresentou uma proposta não vinculativa surge numa altura em que o Governo ainda tem em aberto se avança ou não com uma nova tentativa de privatização da TAP. A primeira fracassou no final de 2012, quando foi rejeitada a proposta de Gérman Efromovich.

O ministro da Economia, que nesta sexta-feira foi questionado sobre a proposta de Pais do Amaral, defendeu que a decisão de vender tem de ser tomada “com pés e cabeça, com conta, peso e medida”, insistindo que a companhia “não pode, nem deve ser privatizada sob pressão”. “Há manifestações de interesse, várias, boas. Saúdo essa, em particular, do grupo do dr. Miguel Pais do Amaral, mas há mais manifestações de interesse, felizmente”, afirmou António Pires de Lima, à margem do Shape Europe 2014.

O presidente da TAP, Fernando Pinto, confirma que recebeu uma chamada de um interessado na privatização. Numa entrevista à RTP na quinta-feira à noite, onde admitiu que a “marca TAP foi beliscada” este Verão por causa de atrasos nos voos e da pressão mediática, Fernando Pinto considerou que o valor global da empresa não foi afectado.

Segundo o gestor, o atraso na entrega de novos aviões e na formação dos novos pilotos resultou em três semanas de “muitos atrasos”. As perturbações na operação começaram a fazer-se sentir no final do primeiro semestre, mas o pico dos constrangimentos aconteceu em Junho-Julho e, mais tarde, na greve dos pilotos de Agosto.

Já em relação às últimas semanas, Fernando Pinto ressalva que os problemas reportados são frequentes na aviação mundial, garante que a TAP é uma empresa “extremamente conservadora a nível de segurança de voo” e diz que tem sido dada uma “imagem errada” da companhia. “Nós caímos num problema a que nenhuma empresa do mundo resiste, que é acompanhar o dia-a-dia da sua operação e reportar qualquer coisinha que aconteça”, vincou.

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