A ZdB faz 20 anos e Amen Dunes sopra as velas

O músico americano estreia-se nos palcos portugueses a 4 de Outubro. Bonnie "Prince" Billy, Rodrigo Amarante e o ex-Sonic Youth Lee Ranaldo regressam a Lisboa para concertos.

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Amen Dunes, projecto a solo do americano Damon McMahon, fez um dos melhores discos de 2014, e vai apresentá-lo em Lisboa a 4 de Outubro

A celebrar 20 anos de vida, a Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, tem muitos motivos para alegrar as nossas almas. Amen Dunes e Ty Segall fizeram dois dos melhores discos do ano e estarão em Lisboa nos próximos tempos.

Amen Dunes apresenta as suas canções na ZdB a 4 de Outubro (no dia anterior fá-lo em Guimarães, no Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura). Damon McMahon passou a infância entre ácidos e leituras de Emily Dickinson; esteve na China; estudou taoísmo; fez folk para uma multinacional; teve uma banda com hype de que a história não rezará. Como Amen Dunes, projecto solitário criado em 2006, ora faz folk desarranjada, ora psicadelia caseira. Love é isso, mas é outra coisa: um monumental álbum, um clássico à nascença.

Manipulator, lançado há poucos dias, é o disco definitivo de Ty Segall, que actua a 25 de Outubro no Lux. Levou um mês a fazê-lo, o que diz bem do estatuto que Segall foi conquistando num circuito de bares amigos das guitarras e numa rotina de discos feitos em três tempos. As canções estão à altura da confiança depositada no californiano: unem as pontas que Segall já explorara (melodias à Beatles, ataque de guitarras à T. Rex e Kinks, vertigem eléctrica à Sabbath), mas surgem como ideias totalmente realizadas, já não meras (embora excitantes) sugestões.

Bonnie ‘Prince’ Billy regressa a Lisboa, apresentando-se com Matt Sweeney, velho cúmplice, e dois outros músicos, no São Luiz Teatro Municipal, a 16 de Novembro. As suas canções mudaram ao longo dos anos, mas mantêm a pureza austera com que surgiram nos anos 1990, criando, quase do zero, um género que une uma música maldita (a country) ao indie rock. O disco homónimo que lançou em 2013 mostra como aquela voz é ainda uma força sem rival.

Antes, a 5 de Outubro, Marissa Nadler mostra a sua visão da folk: July, editado este ano, tem a candura das cantoras folk dos anos 1960, mas também o negrume que encanta os artistas black metal que com ela já trabalharam. Um dia antes, Nadler passa pelo festival Amplifest, no Porto.

No dia 10 de Outubro, o brasileiro Rodrigo Amarante leva as canções do elogiadíssimo Cavalo (2013) ao Palácio Sinel de Cordes, depois de ter esgotado a sala da ZdB por duas noites em Junho. Será uma noite radicalmente diferente da que bEEdEEgEE (Brian DeGraw, dos Gang Gang Dance) protagonizará a 15 de Outubro na ZdB:música pop com o twist próprio de quem procura sempre o estranho.

No dia 18, a Igreja anglicana de St. George, junto ao Jardim da Estrela, recebe a música pós-Sonic Youth de Lee Ranaldo (menos ruído, mais amor aos Grateful Dead). Ranaldo e os seus The Dust tocam no dia seguinte na Reitoria da Universidade do Minho. Outro ícone, mais subterrâneo, sobreviveu às drogas para nos continuar a entusiasmar: nas mãos de Jennifer Herrema (Royal Trux, RTX) o rock é sempre um bicho estranho. Os seus Black Bananas estão aí para o provar – agendar, s.f.f.: 1 de Novembro, ZdB.

Por fim, o “avant-garage” dos Pere Ubu – o rótulo é uma piada de David Thomas, a única constante da formação norte-americana – está a caminho de Lisboa: apresentam Carnival of Souls na Galeria Zé dos Bois a 4 de Dezembro.

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