Já não se fazem mulheres fatais assim

O regresso de Robert Rodriguez ao universo de Frank Miller não tem a frescura nem a irrisão do mergulho inicial.

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Faz agora quase dez anos, o Sin City original era qualquer coisa: um exercício virtuoso na mecânica do film noir, no cruzamento entre a vanguarda tecnológica e a estilização pós-moderna. De caminho, a adaptação fidelíssima das novelas gráficas de Frank Miller provava como o compincha de Tarantino, Robert Rodriguez, é cineasta muito mais interessante quando mergulha de cabeça nas áreas a que se convencionou chamar pulp fiction.

Dez anos depois, contudo, o regresso de Rodriguez ao universo de Miller, intercalando dois episódios tirados dos livros e duas narrativas novas, parece nada adiantar: perdida a frescura e a irrisão do original, ficam apenas uma inegável e pontualmente inspirada proeza técnica (a que o 3D não adiciona nada) e a sensação de que esta sequela está mais próxima da pose visual sem alma nem estruturação narrativa da malfadada adaptação do Spirit por Miller. O que vale é que há Eva Green, que se está a tornar na mais deliciosa megera de Hollywood (depois da sequela do 300, também baseada em Frank Miller). A sua encarnação inspirada dos arquétipos da “mulher fatal” do título, com um toque de desdém herdadinho de Barbara Stanwyck e encontrando resposta à altura num Josh Brolin impecável, é razão mais do que suficiente para não deitar inteiramente fora Sin City: Mulher Fatal

 

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