Yazidis são enterrados vivos pelos extremistas do Estado Islâmico

Minoria religiosa iraquiana traumatizada pela violência.

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Refugiada yazidi junto à fronteira com a Síria em Fishkhabour, Youssef Boudlal/REUTERS

Samo Ilyas Ali tem nove crianças para alimentar, mas não consegue concentrar-se no futuro, porque o som de mulheres e crianças a gritar por ajuda enquanto eram enterradas por combatentes do Estado Islâmico, no Norte do Iraque, por vezes consome-lhe completamente o espírito.

Ele faz parte das dezenas de milhares de refugiados yazidis, uma minoria religiosa pré-cristã que foi obrigada a fugir face ao avanço dos extremistas islâmicos, que os consideram adoradores do demónio. Estão traumatizados pela forma como foram tratados pelos radicais muçulmanos que os querem forçar a converter-se ao Islão.

Como quando há dez dias chegaram à aldeia de Ali, com metralhadoras em punho e barbas compridas, a meio da noite. Quando começaram a escavar covas, não entenderam o que estavam a fazer. "Mas então começaram a atirar pessoas para os buracos, e as pessoas estavam vivas", diz este merceeiro de 46 anos, que tem de parar para chorar. "Após uns momentos ouvimos tiros. Não consigo esquecer esta cena. Mulheres e crianças a pedir ajuda. Tivemos de fugir a correr, não podíamos fazer nada por elas."

Há testemunhos de cenas semelhantes em vários locais do Norte do Iraque. Massacres, raptos de mulheres – para se casarem com os militantes do Estado Islâmico, se aceitarem converter-se ao Islão. Não só de yadizis, mas também de xiitas, que estes combatentes (sunitas) consideram hereges.

Muitos yazidis desistiram do Iraque. Concentrados em campos de refugiados na região semi-autónoma do Curdistão, só pensam agora numa oportunidade para partirem para o mais longe possível do Iraque.

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