Separatistas abatem avião no Leste da Ucrânia antes de reunião diplomática em Berlim

Governo ucraniano anuncia ter conquistado aos rebeldes pró-russos uma esquadra da polícia em Lugansk.

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Os primeiros camiões da coluna enviada por Moscovo chegaram neste domingo à fronteira Alexander Demianchuk/AFP

Notícias de novos combates no Leste da Ucrânia – incluindo o abate de um avião militar na região de Lugansk – antecederam a reunião que junta neste domingo em Berlim os chefes da diplomacia da Ucrânia e Rússia aos seus homólogos francês e alemão numa tentativa para reduzir a tensão na região da fronteira.

Ao final da manhã, um porta-voz do Exército anunciou a tomada de uma esquadra de polícia em Lugansk, uma das duas grandes cidades do Leste da Ucrânia que continuam sob controlo dos separatistas e estão cercadas agora pelas forças governamentais. Andri Lisenko não adiantou pormenores, revelando apenas que a bandeira ucraniana foi hasteada sobre o comissariado após combates num bairro da zona nordeste.

O mesmo responsável afirmou que nas últimas 24 horas as forças ucranianas detectaram a entrada no seu território de mais equipamento militar oriundo da vizinha Rússia, incluindo três sistemas mísseis Grad. Disse ainda que no mesmo período drones russos “violaram por dez vezes o espaço aéreo ucraniano. Quinta-feira, o Exército ucraniano tinha já denunciado que uma coluna de blindados russos tinha atravessado a fronteira e, horas mais tarde, reivindicou a sua destruição – a informação foi, no entanto, desmentida por Moscovo que acusou o país vizinho de “destruir fantasmas”.

Pouco antes, responsáveis pela ofensiva militar na região anunciaram que os rebeldes pró-russos abateram durante a manhã um Mig-29 que regressava de uma missão de ataque ao solo na zona de Lugansk. De acordo com Kiev, o piloto terá conseguido ejectar-se antes de o avião se despenhar, tendo sido resgatado e levado para local seguro. O incidente acontece pouco mais de um mês depois de um avião da Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo ter sido abatido quando sobrevoava a região – Kiev e os governos ocidentais alegam que foi atingido por um míssil terra-ar disparado pelos separatistas.

Há também notícias de novos combates em Donetsk, a principal cidade do Leste da Ucrânia que enfrenta há vários dias o cerco do Exército, apostado em tomar aquela que os rebeldes definiram como capital da sua autoproclamada república. Jornalistas da Reuters contam que durante toda a noite se ouviram explosões na zona sul e as autoridades locais anunciam a morte de dez pessoas, atribuindo as vítimas a disparos do Exército.

Notícias que prometem marcar a reunião deste sábado à tarde em Berlim, onde ucranianos, franceses e alemães esperam obter garantias de que Moscovo vai travar o envio de armas e combatentes para a Ucrânia – um apoio que a Rússia nunca reconheceu. A Rússia está, por seu lado, interessada no fim da ofensiva ucraniana contra o Leste da Ucrânia (região maioritariamente russófona) e tentará um acordo que permita a entrada da coluna de camiões que enviou para a fronteira. O Governo russo assegura que transportam apenas ajuda humanitária para as populações cercadas pelos combates, mas os ucranianos temem que se trate de um disfarce para o envio de ajuda aos rebeldes.

No sábado, Moscovo e Kiev acordaram os procedimentos para a inspecção da carga dos camiões, mas neste domingo a Cruz Vermelha Internacional adiantou que ainda não tinha começado a verificação. Já depois disso, jornalistas da Reuters confirmaram que 16 dos 280 camiões da coluna tinham deixado o parque em que estavam estacionados e tinham avançado em direcção à fronteira, apesar de ser pouco provável que recebessem autorização para a atravessar.

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