Filhos do casal que morreu no Cabo da Roca deverão mudar-se para a Polónia

Consulesa da Polónia em Lisboa diz que a família mais próxima já foi contactada “a fim de juntar as crianças" com os parentes "de uma forma o mais humanitária possível”.

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Pais morreram numa queda no Cabo da Roca Enric Vives-Rubio

A família mais próxima das crianças polacas cujos pais caíram numa ravina no Cabo da Roca, em Sintra, e morreram, já foi contactada e será para junto dela, na Polónia, que a menina de seis anos e o menino de cinco deverão ir. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pela consulesa da República da Polónia em Lisboa, Monika Dulian.

Segundo explicou por email Monika Dulian, a Embaixada da Polónia em Lisboa já "contactou a família mais próxima, a fim de juntar as crianças" com os parentes "de uma forma o mais humanitária possível”. Em conjunto com a família e as autoridades portuguesas, estão "a determinar a forma mais apropriada” para que o “retorno das crianças à Polónia” tenha “em conta o bem-estar dos menores.”

Eram 21h20 de sábado quando a secção consular da Embaixada da Polónia foi informada do acidente no Cabo da Roca, em Sintra. Um casal de polacos, de 31 anos e a viver em Lisboa há “alguns anos”, tinha caído numa ravina e morrido. Como "provavelmente testemunharam o acidente", os filhos menores do casal tiveram de receber psicológico e foram acompanhados pelos serviços consulares. Foi-lhes “assegurado um amplo apoio médico, psicológico e bem-estar geral sob a supervisão dos serviços consulares e das devidas autoridades portugueses”, frisou a consulesa.

Em resposta enviada por email, Monika Dulian confirma que os pais das crianças, que morreram na sequência da queda na falésia, eram cidadãos polacos, mas “viviam há alguns anos em Portugal”. Sobre o que passou ao certo naquele fim de tarde, diz apenas que “a polícia está a conduzir uma investigação das circunstâncias do acidente”. “A embaixada não possui informações sobre os detalhes do acidente, sendo as autoridades portuguesas as detentoras de toda informação”, frisa.

Quanto às crianças, garante que, apesar do sucedido, “dormiram com calma a noite toda e estão sob a assistência das devidas instituições”. “As crianças estão sob os cuidados de uma instituição especializada”, adianta a responsável. A família mais próxima já foi informada sobre o estado de saúde dos meninos e também sobre o lugar onde se encontram.

Monika Dulian nota ainda que, durante a noite, toda esta acção de assistência às crianças foi coordenada pelo presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, e pelo embaixador da Polónia, Bronislaw Misztal.

Resgate complicado
O caso está a ser acompanhado pela Polícia Judiciária e, ao que tudo indica, ter-se-á tratado de um acidente. Os pais estariam a tirar fotografias, terão passado a vedação de segurança e caído 80 metros, numa arriba de 140.

De acordo com o comandante dos Bombeiros Voluntários de Almoçageme, Bruno Tomás, o alerta terá sido dado por um casal espanhol. Este corpo de bombeiros recebeu a informação, às 18h48, do Centro Distrital de Operações e Socorro de Lisboa (CDOS) e, às 18h51, enviou para o local duas ambulâncias de socorro, dois veículos de resgate e um veículo de comando. Também a GNR, a Polícia Marítima e um helicóptero da Força Aérea Portuguesa foram chamados, além de uma equipa de psicólogos do INEM, que acompanhou as crianças. No total, na noite de sábado havia 29 elementos mobilizados.

A operação de resgate passou por várias fases. Ao final do dia de sábado, o trabalho dos bombeiros foi dificultado pela queda de pedras. Não havia condições de segurança para chegar ao local onde estavam os corpos, que deveriam ser depois resgatados por helicóptero. À noite, por volta das 22h30, escolheu-se um outro ponto para quatro bombeiros descerem a ravina, mas a maré estava a subir, o que voltou a dificultar a operação.

As operações foram assim suspensas à meia-noite e retomadas às 6h30 de domingo. A estratégia adoptada, e definida em conjunto com o comandante da Polícia Marítima, no domingo de manhã voltou a ser descer a ravina, a partir do segundo ponto escolhido no dia anterior, uma vez que a maré já o permitia.

Às 6h30, quatro bombeiros desceram a arriba com cabos e, com a ajuda de um helicóptero da Autoridade Nacional de Protecção Civil, foi possível resgatar os corpos. O helicóptero da Força Aérea Portuguesa já não estava disponível para participar nas operações de resgaste no domingo.

“Foi uma operação complicada, é uma zona de difícil acesso. Foi preciso um trabalho muito específico”, disse o comandante Bruno Tomás.

Neste domingo, no local, estiveram os bombeiros (com dois veículos de resgate, um de comando e uma ambulância de socorro), a Polícia Marítima, o CDOS de Lisboa e a Autoridade Nacional da Protecção Civil, num total de 18 elementos.

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