Comissão Nacional de Acesso quer mais jovens no ensino superior mesmo com o aumento de candidatos deste ano

Na 1.ª fase de candidaturas inscreveram-se 42.455 estudantes, mais 1909 do que há um ano, travando queda de procura registada durante cinco ano consecutivos.

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O alerta vem de quem tem responsabilidades na matéria: “Não se compreende que saindo por ano cerca de 120 mil jovens do ensino secundário, apenas um terço procurem as universidades e os politécnicos para prosseguirem a sua formação”.

O presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), João Guerreiro, que tutela a colocação dos estudantes nas universidades e politécnicos, entende que o país deve mobilizar-se para que haja mais jovens a inscreverem-se numa formação superior nos próximos anos, ainda que sublinhe a “tendência positiva” do concurso deste ano, que terminou com mais 1909 candidatos do que no ano anterior.

Caso o número de candidaturas ao ensino superior diminua, como aconteceu nos últimos anos, ou estagne, a questão devia ser considerada “crítica” e “exigir uma atenção de âmbito nacional”, defende Guerreiro. “Um ambiente de indecisão que iniba ou questione a importância da formação superior fragilizará no futuro o país”. Para já, o presidente da CNAES destaca que o concurso deste ano teve um aumento de procura, o que poderá que se estará a ultrapassar “uma situação conjuntural difícil e negativa”.

Tal como o PÚBLICO tinha antecipado, o número de estudantes interessados em aceder ao ensino superior no próximo ano lectivo aumenta em relação ao ano passado. Quando ainda faltavam 24 horas para o final do prazo de submissão das candidaturas, já havia mais 538 registos do que o total do ano anterior. O prazo terminou à meia-noite desta sexta-feira e, no último dia, mais 1371 alunos apresentaram a sua proposta no portal da Direcção-Geral do Ensino Superior.

O total de candidaturas desta 1.ª fase do concurso nacional de acesso fixa-se assim em 42.455, mais 1909 do que as que foram apresentadas há um ano na mesma fase. Isto representa um aumento de 4,5%, que fica ligeiramente aquém da expectativa manifestada pelo presidente da CNAES, que tinha previsto um aumento de 5% no número de candidatos.

A demografia não parece ser um factor decisivo para explicar esta variação. Fazendo um exercício de comparação com o número de nascimentos em 1996, o ano de referência para os estudantes que agora estão em idade de entrar no ensino superior, verifica-se que nasceram mais 3164 crianças do que no ano anterior, o que resultou num aumento da taxa bruta de natalidade em 0,3 pontos para 11%o (por mil). Ou seja, só cerca metade destes jovens estariam a candidatar-se ao ensino superior.

Este é ano em contra-ciclo com a evolução recente do concurso nacional de acesso ao ensino superior, ainda que o aumento no número de candidatos seja escasso para contrariar à diminuição da procura que se registava desde 2008. Esse foi precisamente o ano em que registou um maior número de candidatos ao ensino superior na última década (53.451). Desde então, o concurso nacional de acesso ao ensino superior perdeu, até ao ano passado, quase 13 mil candidatos. Apesar do crescimento, o número total de candidatos na 1.ª fase é um dos mais baixos dos últimos anos. Apenas em 2005 (39.193) e 2006 (40.860), além do ano passado, houve menos estudantes a querer entrar no ensino superior.

Estes mas de 42 mil estudantes candidatam-se a uma das 50.820 vagas definidas pelas instituições de ensino superior para este ano lectivo. Os resultados desta 1.ª fase de candidaturas são conhecidos a 8 de Setembro, mas o concurso prolonga-se até 27 de outubro, quando terminar o prazo para resposta a reclamações às candidaturas apresentadas à terceira e última fase.

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