Morreu o primeiro líder da CGTP

O historiador foi eleito a 27 de Abril de 1974 e acabaria por abandonar o cargo de coordenador em Agosto desse ano

O primeiro secretário-geral da CGTP-IN, o historiador e combatente antifascista Francisco Canais Rocha, faleceu ontem aos 84 anos, anunciou a direcção de Santarém da central sindical.

“Francisco Canais Rocha, historiador de profissão, foi um fervoroso combatente antifascista e um dos mais destacados nomes do distrito de Santarém na luta contra o fascismo, facto que levou a que fosse preso pela PIDE, primeiro em 1952 e depois em 1968”, tendo esse segundo encarceramento durado cinco anos, lê-se na nota enviada à Lusa.

Também a intersindical reagiu à morte expressando a sua “profunda homenagem” ao homem que foi líder da CGTP durante cerca de quatro meses. Eleito a 27 de Abril de 1974, acabaria por abandonar o cargo em Agosto desse ano. "Por razões de ordem pessoal alheias à actividade sindical”, escreveu-se diplomaticamente no livro "Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical" que a intersindical publicou no seu 40º aniversário.
Mas Canais Rocha já anos antes explicara o seu afastamento: "não por divergências políticas" com o PCP "mas pelo meu comportamento na polícia". Numa das suas detenções, depois torturado pela PIDE, não resistiu e falou. Acabaria também por ser expulso do PCP.

Foi fundador da Comissão Concelhia de Torres Novas e da Comissão Distrital de Santarém do Sindicato dos Metalúrgicos. Fundou também diversas estruturas locais e regionais do Sindicato dos Metalúrgicos, “nunca esqueceu as suas origens operárias e, ao longo da sua vida, esteve sempre ao lado dos trabalhadores na sua luta por uma sociedade mais justa”, escreveu a direcção da União dos Sindicatos de Santarém (USS) da CGTP-IN, enviando à família “profundas condolências pelo falecimento deste camarada de luta”.

Nascido a 17 de Janeiro de 1930, iniciou a sua actividade profissional como marceneiro e só mais tarde fez o curso do liceu, a licenciatura em História e o mestrado em História Contemporânea.

O funeral realiza-se na segunda-feira, pelas 16 horas, no cemitério da cidade de Torres Novas.

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