Reacções à queda do desemprego entre o "irreal" e o "extraordinário"

Ministro Pedro Mota Soares fala de uma boa notícia para a economia portuguesa e recorda que apenas há um ano a taxa de desemprego se situava nos 17,7%.

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Enric Vives-Rubio

Os partidos reagiram, como habitualmente, de forma muito díspar em relação aos números do desemprego divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística e que apontam para os 13,9% no segundo trimestre deste ano.

Os números, que reforçam uma tendência de queda, representam uma melhoria de 1,2 pontos percentuais face aos primeiros meses do ano e de 2,5 pontos percentuais em termos homólogos.

O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, defendeu, no Algarve, que os dados do desemprego do segundo trimestre do ano demonstram que a economia portuguesa está a criar cada vez mais emprego. “Em primeiro lugar é uma boa notícia para cerca de 90 mil portugueses que, no último ano, encontraram um posto de trabalho. Em segundo lugar é uma boa notícia para Portugal, que chegou a ter uma taxa de desemprego, há pouco mais de um ano, de 17,7%”, afirmou Mota Soares, à margem de uma visita à Fundação Irene Rolo, Instituição Particular de Solidariedade Social sedeada em Tavira.

Os partidos da maioria PSD/CDS também analisaram que a taxa de desemprego agora revelada é sinal de crescimento da economia. "Hoje conhecemos números extraordinariamente positivos no sucesso ao combate ao desemprego. Com os dados hoje divulgados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] confirma-se que a queda do desemprego é resultado do crescimento do emprego, ou seja, de uma economia que gera postos de trabalho e que cresce sustentadamente", afirmou o porta-voz social-democrata, Marco António Costa.

O dirigente centrista preferiu adjectivar esta queda: "Coerente" e "consistente". "É uma descida coerente, consistente, reiterada, desse mesmo desemprego", enalteceu o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães.

Depois de elogiar o esforço de trabalhadores e empresas, Nuno Magalhães defendeu que "há, ao contrário do que certa oposição quer fazer crer, criação líquida de emprego. Num só ano houve a criação líquida de 90 mil postos de trabalho, sendo que se dá o caso de ser sobretudo trabalho sem termo, efectivo. Por cada contrato a termo foram celebrados oito contratos sem termo e isso revela confiança na economia, confiança nesta recuperação económica".

Do lado do PCP, o dirigente comunista José Lourenço analisou os números de maneira diferente, defendendo que não têm correspondência com a realidade. "Há muito pouca, para não dizer nenhuma, correspondência entre a criação de emprego e a redução do desemprego".

Apesar de reconhecer que a taxa de desemprego baixou, José Lourenço acrescentou que há "desempregados que o deixaram de ser, mas não são empregados" actualmente, nomeadamente aqueles que emigraram.

O Bloco de Esquerda fez notar o impacto da sazonalidade nos números. "É um valor alto e é um valor que é explicado neste caso porque aos factores que anteriormente já explicavam a queda artificial do desemprego acrescenta-se também o efeito sazonal, no Verão há mais postos de trabalho, infelizmente postos de trabalho temporários e precários", afirmou o coordenador do BE, João Semedo, em Lisboa.

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