Foca do Norte da Europa é atracção em S. Martinho do Porto

A foca poderá ter sido arrastada pelas marés e ter encontrado na baía um local para descansar e recuperar forças

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A foca que há uma semana atrai muitos curiosos a S. Martinho do Porto é de uma espécie que não existe em Portugal, onde só há focas monge, e pode ter vindo de França, da Inglaterra ou da Islândia.

“Em Portugal não temos colónias de focas comuns, como é o caso desta, cujas colónias mais próximas se encontram em França e em Inglaterra, mas que poderá também ter vindo da Islândia ou Noruega”, disse à agência Lusa Marina Sequeira, bióloga do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A foca que tem sido vista em S. Martinho do Porto desde quarta-feira da semana passada poderá, segundo a bióloga, “ter sido arrastada pelas marés” e ter encontrado na baía “um local para descansar e recuperar forças” para voltar ao seu habitat.

Embora seja “mais usual serem exemplares juvenis” a perderem o rumo, foi uma “foca adulta” a que a semana passada foi encontrada por Alexandre Marques, gerente do Parque Aquático de S, Martinho do Porto, “em cima do insuflável”.

A descoberta foi comunicada ao Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM) que fez deslocar à praia três biólogos para avaliarem o animal e, eventualmente, procederam à sua captura e tratamento.

Porém, apesar de “apresentar um ligeiro ferimento numa das barbatanas”, não foi possível recolher o animal, que não saiu de cima do insuflável onde passou “a dormir todas as noites”.

O ritual de aproximação da foca, após o fecho do insuflável ao público tem atraído, segundo o presidente da Junta de Freguesia, Joaquim Clérigo “muitas pessoas que vêm de propósito para ver a Martinha”, nome pelo qual foi baptizada no parque aquático.

Além de atracção turística, a foca Martinha ganhou também já o estatuto de “mascote” do parque aquático, de onde Alexandre Marques “não gostaria de a ver partir antes do final do verão”.

Nem ele nem o filho, Tomás Marques, ao qual coube a tarefa de “enxotar” a foca nas vezes em que ela apareceu antes do encerramento do insuflável.

“O objectivo era afastá-la, mas ela começou a conhecer-me e aproximar-se do barco e como é brincalhona, passava por baixo e parecia do outro lado. Já é uma amiga”, contou Tomás Marques à Lusa.

Aguardada sobretudo pelas crianças, a foca é agora esperada todos os finais de tarde por dezenas de curiosos e, sobretudo, pelos funcionários do parque aquático, que não escondem “alguma tristeza e preocupação”, quando, afastada pelo barulho dos populares ou dos motores dos barcos, a Martinha não vai dormir ao insuflável.

Atenta aos movimentos da foca está também a Polícia Marítima, a cujos elementos o ICNF solicitou “acompanhamento do evoluir da situação”, uma vez que, segundo a bióloga, “o animal precisa de se alimentar, descansar e recuperar forças”.

Aos nadadores salvadores foi também pedido um reforço da atenção junto dos banhistas, já que, reforçou a bióloga, “trata-se de um animal selvagem que, se se sentir ameaçado, pode morder” e cuja mordedura “provoca infecções muito graves, difíceis de tratar e que nalguns casos já resultaram em amputação de dedos”.

Esta é a segunda vez que uma foca fica durante alguns dias em S. Martinho do Porto. O mesmo aconteceu há cerca de cinco anos, altura em que ainda não existia o parque de insufláveis e, recorda Joaquim Clérigo, “o animal andou três ou quatro dias junto ao cais”.

 

 

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