Despesa com medicamentos para a diabetes cresceu 400% em 13 anos

Serviço Nacional de Saúde gastou em média no ano passado 575 mil euros por dia em fármacos para esta doença. Com um padrão de consumo semelhante ao de Inglaterra o país poderia poupar entre 34 e 75 milhões de euros.

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O risco de diabetes é mais de quatro vezes superior no grupo sem formação

O Serviço Nacional de Saúde gastou em média no ano passado 575 mil euros por dia em medicamentos para a diabetes, com os encargos a aumentarem cerca de 400% nos últimos 13 anos. Segundo um estudo da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), em 2013 a despesa do Estado com estes fármacos atingiu os 210 milhões de euros, quase um quinto do total dos medicamentos em ambulatório.

O trabalho, que será publicado no próximo boletim da instituição, defende que a despesa com os remédios para a diabetes "aumentou significativamente", concluindo ainda que deve ser promovida "uma utilização mais racional" destes medicamentos, que traria "importante ganhos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

Na última década, 2013 foi o ano com mais gastos, atingindo-se 210 milhões de euros, o que significa uma média de 575 mil euros por dia despendidos com fármacos para diabéticos. Contudo, o crescimento dos gastos foi bastante superior ao aumento da utilização dos medicamentos, "o que significa que se começaram a utilizar alternativas de tratamento mais dispendiosas".

No período de 2000 a 2006, o peso destes medicamentos rondava 5%, enquanto actualmente se situa nos 18% do total dos encargos do SNS em ambulatório. Apesar de entre 2000 e 2013 ter duplicado o consumo de fármacos para controlar a diabetes, o aumento da despesa foi bastante superior. Acresce, segundo as autoras do estudo, que "os resultados em saúde ainda não apresentam igual tendência": Portugal tem das taxas mais elevadas de prevalência da doença e deu-se um aumento dos reinternamentos ou das amputações de membros inferiores.

O estudo comparou o tipo de utilização de medicamentos em Portugal com outros sete países europeus: Inglaterra, Dinamarca, Holanda, Espanha, Alemanha, Itália e França. Portugal é o país que apresenta menor proporção de recurso às insulinas e maior proporção de uso de uma classe de fármacos denominada “inibidores da DPP-4”.

Além disso, Portugal é o país que menor utilização faz do fármaco que é considerado o de primeira linha no tratamento da diabetes tipo 2. "Se Portugal apresentasse um padrão de utilização mais similar ao dos outros países analisados (...), o SNS poderia obter poupanças ao nível dos medicamentos para o controlo da diabetes que poderiam ser alocadas à prevenção desta patologia", referem as investigadoras do Infarmed. As poupanças médias potenciais alcançariam os 34 milhões de euros e poderiam chegar aos 75 milhões caso fosse adoptado o padrão de consumo de Inglaterra.

Notícia corrigida às 15h04. Lusa fez correcção à sua notícia inicial, dizendo que crescimento de 400% foi em 13 anos e não em seis.

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