1980: Um reformista antes de época

Há mais de 30 anos, quando ainda era deputado do PS, António Barreto marcou o debate político em Portugal por ser o primeiro político da esquerda portuguesa a defender a mudança radical do sistema eleitoral. Defendia então que Portugal devia trocar o sistema proporcional pelo maioritário. E assim tornar mais personalizada a escolha dos eleitores ao votarem em listas uninominais, elegendo um deputado por círculo, em vez das listas plurinominais que elegem vários. “Só em Lisboa elegemos 55 deputados. Ninguém sabe em quem vota”, afirma o sociólogo.

Defensor ainda hoje do sistema maioritário, Barreto precisa, em declarações ao PÚBLICO, que é adepto do sistema das duas voltas. “Quando há só uma volta, isso é muito penalizador”, frisa, exemplificando: “Em Inglaterra, o Partido Liberal é muito penalizado, porque não elege. Podem ter 12 ou 14 % e metem dois deputados apenas, pois quase nunca são os primeiros.”

Daí que prefira o exemplo da França. “O sistema francês é um bom exemplo. É em duas voltas. Permite desistências e negociações, tem efeito de forçar o compromisso político. Ao desistirem para outros e ao entrarem em compromisso, numa segunda volta, os eleitores estão a sufragar as alianças.”

Já do sistema inglês defende a permanência dos ministros no Parlamento: ”Em Inglaterra os ministros são deputados e têm de ir ao Parlamento votar. Gostava que em Portugal um dia fosse assim.”
 
 

 

 

 

 

 
 

  


 

  

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